Seminário de Política Industrial da CNTV defende menos juros e combate ao importacionismo

Trabalhadores do Vestuário também exigem contrapartidas sociais nos financiamentos públicos e Contrato Coletivo Nacional

Escrito por: Leonardo Severo • Publicado em: 21/11/2011 - 11:50 Escrito por: Leonardo Severo Publicado em: 21/11/2011 - 11:50

 

 

Redução dos juros, combate ao importacionismo, contrapartidas sociais nos financiamentos públicos e Contrato Coletivo Nacional. Estas foram as principais propostas aprovadas no Seminário de Política Industrial realizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores no Vestuário (CNTV/CUT), que reuniu cerca de 60 lideranças sindicais de dez estados na última sexta-feira (18) Quintino Severo (CUT0, Cida Trajano (CNTV), deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) e Jaci Pinheiro (ex-presidente da CNTV)em São Paulo.

Mais do que nunca, apontou a presidenta da CNTV, Cida Trajano, “é hora de defender o nosso mercado interno da enxurrada de produtos importados, baixar os juros e criar mecanismos de estímulo à produção nacional, com empregos decentes e salários dignos”. “O Contrato Coletivo Nacional contribuirá para garantir um patamar mínimo de direitos e fazer frente à guerra fiscal, pois os Estados têm utilizado a precarização e os baixos salários para atrair empresas. Também defendemos que os investimentos públicos, como o de programas como o Brasil Maior, carreguem consigo obrigações, contrapartidas sociais, que comprometam as empresas com a melhoria da qualidade de vida e trabalho”.

Para Cida, a agudização da crise internacional, que alastra o desemprego e a miséria na Europa e nos Estados Unidos, deve nos servir de alerta e estímulo às nossas defesas. O fato, destacou, é a que a nossa indústria têxtil e de confecção encontra-se extremamente vulnerável diante da contínua invasão de importados, pois a China tem driblado as barreiras que conseguimos levantar.

Conforme projeções da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), o setor têxtil e de confecção deve fechar o ano com déficit comercial 43% superior ao registrado no ano passado, com as importações superando as exportações em US$ 5 bilhões. O déficit projetado pela entidade empresarial é mais do que o dobro do que o registrado em 2009, de US$ 2,25 bilhões. Só as importações da China subiram 31% de janeiro a setembro últimos.

No ano passado, o Brasil passou a importar mais calçados da Malásia, 1.356% e Indonésia, 93%, e até de países onde praticamente inexistem fábricas do produto como Taiwan, 428%, e Hong Kong, 132%, o que reforça as suspeitas de que, por meio de triangulações, os sapatos chineses acabem se livrando da sobretaxa de US$ 13,85 o par. A taxação ocorreu após manifestação conjunta de entidades sindicais de trabalhadores e empresários.

 

CRISE DE PROJETO

Quintino Severo defendeu ampla mobilização em defesa do Contrato Coletivo Nacional de trabalho para o Ramo do VestuárioEm sua análise de conjuntura, o secretário geral da CUT, Quintino Severo, lembrou que “o cenário de grande turbulência internacional não é só uma crise econômica, mas de projeto”. Na primeira fase da crise, recordou, os Bancos Centrais socorreram os bancos privados para evitar a quebradeira. “Agora, querem que os trabalhadores paguem o socorro ao sistema financeiro com aumento da jornada, redução de salários, direitos e investimentos sociais. A proposta deles é mais dose amarga do mesmo remédio”, denunciou.

Para Quintino, nossa resposta deve continuar sendo contrária aos descaminhos apontados pelos governos dos países centrais: “ampliar o crédito, valorizar o salário mínimo, políticas públicas que reforçam o protagonismo do Estado e os investimentos na infraestrutura e nas áreas sociais”. Daí a importância da disputa com a equipe econômica do governo e com os setores conservadores, destacou o secretário geral cutista, particularmente num momento em que o setor do vestuário sofre com a flutuação e o problema do câmbio.

Cida Trajano: CNTV se fortalece na luta por salário digno e emprego decenteA CUT desfralda a bandeira do Contrato Coletivo Nacional, reforçou Quintino, “a fim de assegurar melhores salários e condições de trabalho, pondo fim à precarização, buscando garantir o diálogo social no local de trabalho, que é um local público, não é apenas da empresa, pois ali convivem pessoas”.

Contribuindo com o debate, o deputado federal João Paulo (PT-SP), ex-presidente da Câmara, reiterou a importância de termos no Brasil um “Estado forte, indutor e condutor”, ressaltando o papel do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para criar as condições do país dar um salto no desenvolvimento.

João Paulo lembrou que o setor manufatureiro é o primeiro a sofrer as consequências da disputa predatória entre as nações e “dentro das nações”, o que obriga o governo a ter um olhar diferenciado para ramos como o do vestuário, que emprega cerca de dois milhões de pessoas.

O ex-presidente da Câmara fez eco às reivindicações da CNTV em defesa de uma redução mais acentuada da taxa de juros. “A dívida do país é quase R$ 2 trilhões. Se o Brasil paga 1% a menos é R$ 20 bilhões a menos para o sistema financeiro e para os especuladores e R$ 20 bilhões a mais para investir. O dinheiro público pulveriza na mão dos rentistas”, disse.

O parlamentar petista citou ações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIV) em defesa de arranjos econômicos locais como no setor de lâmpadas, luminárias e reatores. O Brasil hoje apenas importa produtos, como da Philips e GE, “a única fábrica brasileira que produz um pouco é a Osram, que sobrevive num cenário de disputa predatória”. Sem apoio, acrescentou, “a competição fica difícil para qualquer indústria nacional”.

Lideranças sindicais de 10 Estados participaram do SemináioO papel daninho dos conglomerados de mídia que, torcendo contra o governo, distorcem o noticiário, foi apontado por João Paulo como um grave problema a ser superado, já que a população fica refém de pautas que refletem os interesses dos seus donos e anunciantes.

Homenageado pelo evento, o ex-presidente da CNTV, Jaci Pinheiro da Silva, destacou o compromisso de cada um dos dirigentes em consolidar o projeto cutista, fortalecendo a disputa de hegemonia com uma visão classista, enraizada no chão da fábrica, na luta por liberdade e autonomia sindical.

Ao final do evento foi lançada a Revista Especial da CNTV e a proposta para o novo site da entidade, que deve ir ao ar em janeiro.

Título: Seminário de Política Industrial da CNTV defende menos juros e combate ao importacionismo, Conteúdo:     Redução dos juros, combate ao importacionismo, contrapartidas sociais nos financiamentos públicos e Contrato Coletivo Nacional. Estas foram as principais propostas aprovadas no Seminário de Política Industrial realizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores no Vestuário (CNTV/CUT), que reuniu cerca de 60 lideranças sindicais de dez estados na última sexta-feira (18) em São Paulo. Mais do que nunca, apontou a presidenta da CNTV, Cida Trajano, “é hora de defender o nosso mercado interno da enxurrada de produtos importados, baixar os juros e criar mecanismos de estímulo à produção nacional, com empregos decentes e salários dignos”. “O Contrato Coletivo Nacional contribuirá para garantir um patamar mínimo de direitos e fazer frente à guerra fiscal, pois os Estados têm utilizado a precarização e os baixos salários para atrair empresas. Também defendemos que os investimentos públicos, como o de programas como o Brasil Maior, carreguem consigo obrigações, contrapartidas sociais, que comprometam as empresas com a melhoria da qualidade de vida e trabalho”. Para Cida, a agudização da crise internacional, que alastra o desemprego e a miséria na Europa e nos Estados Unidos, deve nos servir de alerta e estímulo às nossas defesas. O fato, destacou, é a que a nossa indústria têxtil e de confecção encontra-se extremamente vulnerável diante da contínua invasão de importados, pois a China tem driblado as barreiras que conseguimos levantar. Conforme projeções da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), o setor têxtil e de confecção deve fechar o ano com déficit comercial 43% superior ao registrado no ano passado, com as importações superando as exportações em US$ 5 bilhões. O déficit projetado pela entidade empresarial é mais do que o dobro do que o registrado em 2009, de US$ 2,25 bilhões. Só as importações da China subiram 31% de janeiro a setembro últimos. No ano passado, o Brasil passou a importar mais calçados da Malásia, 1.356% e Indonésia, 93%, e até de países onde praticamente inexistem fábricas do produto como Taiwan, 428%, e Hong Kong, 132%, o que reforça as suspeitas de que, por meio de triangulações, os sapatos chineses acabem se livrando da sobretaxa de US$ 13,85 o par. A taxação ocorreu após manifestação conjunta de entidades sindicais de trabalhadores e empresários.   CRISE DE PROJETO Em sua análise de conjuntura, o secretário geral da CUT, Quintino Severo, lembrou que “o cenário de grande turbulência internacional não é só uma crise econômica, mas de projeto”. Na primeira fase da crise, recordou, os Bancos Centrais socorreram os bancos privados para evitar a quebradeira. “Agora, querem que os trabalhadores paguem o socorro ao sistema financeiro com aumento da jornada, redução de salários, direitos e investimentos sociais. A proposta deles é mais dose amarga do mesmo remédio”, denunciou. Para Quintino, nossa resposta deve continuar sendo contrária aos descaminhos apontados pelos governos dos países centrais: “ampliar o crédito, valorizar o salário mínimo, políticas públicas que reforçam o protagonismo do Estado e os investimentos na infraestrutura e nas áreas sociais”. Daí a importância da disputa com a equipe econômica do governo e com os setores conservadores, destacou o secretário geral cutista, particularmente num momento em que o setor do vestuário sofre com a flutuação e o problema do câmbio. A CUT desfralda a bandeira do Contrato Coletivo Nacional, reforçou Quintino, “a fim de assegurar melhores salários e condições de trabalho, pondo fim à precarização, buscando garantir o diálogo social no local de trabalho, que é um local público, não é apenas da empresa, pois ali convivem pessoas”. Contribuindo com o debate, o deputado federal João Paulo (PT-SP), ex-presidente da Câmara, reiterou a importância de termos no Brasil um “Estado forte, indutor e condutor”, ressaltando o papel do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para criar as condições do país dar um salto no desenvolvimento. João Paulo lembrou que o setor manufatureiro é o primeiro a sofrer as consequências da disputa predatória entre as nações e “dentro das nações”, o que obriga o governo a ter um olhar diferenciado para ramos como o do vestuário, que emprega cerca de dois milhões de pessoas. O ex-presidente da Câmara fez eco às reivindicações da CNTV em defesa de uma redução mais acentuada da taxa de juros. “A dívida do país é quase R$ 2 trilhões. Se o Brasil paga 1% a menos é R$ 20 bilhões a menos para o sistema financeiro e para os especuladores e R$ 20 bilhões a mais para investir. O dinheiro público pulveriza na mão dos rentistas”, disse. O parlamentar petista citou ações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIV) em defesa de arranjos econômicos locais como no setor de lâmpadas, luminárias e reatores. O Brasil hoje apenas importa produtos, como da Philips e GE, “a única fábrica brasileira que produz um pouco é a Osram, que sobrevive num cenário de disputa predatória”. Sem apoio, acrescentou, “a competição fica difícil para qualquer indústria nacional”. O papel daninho dos conglomerados de mídia que, torcendo contra o governo, distorcem o noticiário, foi apontado por João Paulo como um grave problema a ser superado, já que a população fica refém de pautas que refletem os interesses dos seus donos e anunciantes. Homenageado pelo evento, o ex-presidente da CNTV, Jaci Pinheiro da Silva, destacou o compromisso de cada um dos dirigentes em consolidar o projeto cutista, fortalecendo a disputa de hegemonia com uma visão classista, enraizada no chão da fábrica, na luta por liberdade e autonomia sindical. Ao final do evento foi lançada a Revista Especial da CNTV e a proposta para o novo site da entidade, que deve ir ao ar em janeiro.



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