Mortes em Bangladesh revelam o crime da precarização do trabalho

CNTV-CUT manifesta seu pesar pelas mortes e feridos, sua solidariedade com os trabalhadores e trabalhadoras do país e seu repúdio à precarização do trabalho

Escrito por: Gislene Madarazo • Publicado em: 25/04/2013 - 18:35 Escrito por: Gislene Madarazo Publicado em: 25/04/2013 - 18:35

Neste 28 de Abril, Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, trabalhadores do mundo todo revoltam-se, em luto, pelas 160 mortes e mais de mil feridos no desabamento de um edifício de oito andares que abrigava confecções nas proximidades da capital de Bangladesh, Dacca, na quarta-feira 23 de abril.

De acordo com a agência de notícias Reuters e o sindicato global IndustriALL, o complexo abrigava seis fábricas de vestuário que empregavam cerca de 5000 trabalhadores. Relatos revelam que ao menos Mango, British Primark, C&A, KIK e Wal-Mart compravam roupas das empresas do prédio que desabou. Estas roupas eram enviadas a preços muito baixos para Europa e América do Norte, mas que custaram a vida desses trabalhadores e trabalhadoras que ganhavam um salário mínimo de cerca de 40 dólares por mês.

Bangladesh é o segundo maior exportador de vestuário do mundo, depois da China, e o setor representa cerca de 80 por cento das exportações de manufaturados do país. Mas é um setor que apresenta baixos salários e más condições de trabalho. Infelizmente a tragédia do desabamento é apenas a mais recente de uma série de acidentes de trabalho que ceifaram centenas de vidas ao longo dos anos. Em novembro de 2012, mais de 110 pessoas morreram em um incêndio na fábrica Tazreen Fashions, fornecedora de marcas globais, como Walmart e Sears. Em um ato chocante de negligência, trabalhadores de vestuário foram obrigados a trabalhar com o alarme de incêndio, e quando se tornou evidente que o fogo era real muitos trabalhadores não tiveram tempo suficiente para sair da fábrica.

Tragédia anunciada

O Ministro do Interior de Bangladesh, MK Alamgir, disse a jornalistas que o prédio desmoronou provavelmente devido à "construção defeituosa". De acordo com a apuração dos fatos, dois dias antes da tragédia, apareceram rachaduras que não foram levadas a sério pelos donos das fábricas que ignoraram o aviso para não permitir que os trabalhadores retornassem ao prédio, sob risco de desabamento.

Esta terrível tragédia soma-se aos casos de trabalho escravo descobertos em fábricas de confecções em São Paulo, também fornecedoras a marcas globais. E destaca a urgência de pôr fim à precarização do trabalho, que possibilitam o fornecimento de mercadorias baratas para marcas internacionais, uma corrida pelo lucro fácil em que centenas de trabalhadores estão perdendo, além da sua dignidade, suas vidas.

O movimento sindical de todo o mundo está chamado a exigir das marcas de roupa globais e varejistas a responsabilidade de suas cadeias produtivas completas.

A CNTV-CUT se solidariza com todos os trabalhadores e trabalhadoras de Bangladesh e manifesta seu apoio aos sindicatos locais do ramo do vestuário, filiados ao sindicato global  IndustriALL, que estão presentes e trabalhando nos esforços de resgate.

Esses sindicatos estão trabalhando em conjunto, através do Conselho Bangladesh IndustriALL (IBC), pedindo justiça e ações por parte do poder público, autoridades e marcas. Em resposta à tragédia de hoje, o IBC está pedindo: 

  1. - Comissão Judicial para investigar o incidente
  2. - Punição aos proprietários do edifício e às fábricas por negligência criminosa
  3. - Exigência de locais de trabalho seguros e não armadilhas de morte
  4. - Compensação às famílias das vítimas

Foto: Sindicalistas realizam protesto pelas mortes e feridos no desabamento em Bangladesh (IndustriALL)

Título: Mortes em Bangladesh revelam o crime da precarização do trabalho, Conteúdo: Neste 28 de Abril, Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, trabalhadores do mundo todo revoltam-se, em luto, pelas 160 mortes e mais de mil feridos no desabamento de um edifício de oito andares que abrigava confecções nas proximidades da capital de Bangladesh, Dacca, na quarta-feira 23 de abril. De acordo com a agência de notícias Reuters e o sindicato global IndustriALL, o complexo abrigava seis fábricas de vestuário que empregavam cerca de 5000 trabalhadores. Relatos revelam que ao menos Mango, British Primark, C&A, KIK e Wal-Mart compravam roupas das empresas do prédio que desabou. Estas roupas eram enviadas a preços muito baixos para Europa e América do Norte, mas que custaram a vida desses trabalhadores e trabalhadoras que ganhavam um salário mínimo de cerca de 40 dólares por mês. Bangladesh é o segundo maior exportador de vestuário do mundo, depois da China, e o setor representa cerca de 80 por cento das exportações de manufaturados do país. Mas é um setor que apresenta baixos salários e más condições de trabalho. Infelizmente a tragédia do desabamento é apenas a mais recente de uma série de acidentes de trabalho que ceifaram centenas de vidas ao longo dos anos. Em novembro de 2012, mais de 110 pessoas morreram em um incêndio na fábrica Tazreen Fashions, fornecedora de marcas globais, como Walmart e Sears. Em um ato chocante de negligência, trabalhadores de vestuário foram obrigados a trabalhar com o alarme de incêndio, e quando se tornou evidente que o fogo era real muitos trabalhadores não tiveram tempo suficiente para sair da fábrica. Tragédia anunciada O Ministro do Interior de Bangladesh, MK Alamgir, disse a jornalistas que o prédio desmoronou provavelmente devido à "construção defeituosa". De acordo com a apuração dos fatos, dois dias antes da tragédia, apareceram rachaduras que não foram levadas a sério pelos donos das fábricas que ignoraram o aviso para não permitir que os trabalhadores retornassem ao prédio, sob risco de desabamento. Esta terrível tragédia soma-se aos casos de trabalho escravo descobertos em fábricas de confecções em São Paulo, também fornecedoras a marcas globais. E destaca a urgência de pôr fim à precarização do trabalho, que possibilitam o fornecimento de mercadorias baratas para marcas internacionais, uma corrida pelo lucro fácil em que centenas de trabalhadores estão perdendo, além da sua dignidade, suas vidas. O movimento sindical de todo o mundo está chamado a exigir das marcas de roupa globais e varejistas a responsabilidade de suas cadeias produtivas completas. A CNTV-CUT se solidariza com todos os trabalhadores e trabalhadoras de Bangladesh e manifesta seu apoio aos sindicatos locais do ramo do vestuário, filiados ao sindicato global  IndustriALL, que estão presentes e trabalhando nos esforços de resgate. Esses sindicatos estão trabalhando em conjunto, através do Conselho Bangladesh IndustriALL (IBC), pedindo justiça e ações por parte do poder público, autoridades e marcas. Em resposta à tragédia de hoje, o IBC está pedindo:  - Comissão Judicial para investigar o incidente - Punição aos proprietários do edifício e às fábricas por negligência criminosa - Exigência de locais de trabalho seguros e não armadilhas de morte - Compensação às famílias das vítimas Foto: Sindicalistas realizam protesto pelas mortes e feridos no desabamento em Bangladesh (IndustriALL)



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