Dono da JBS gravou Temer dando aval para comprar silêncio de Cunha, diz jornal
Segundo colunista Lauro Jardim, de 'O Globo', informação faz parte da delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que também gravaram Aécio Neves pedindo R$ 2 milhões, para pagar custos de sua defesa
Escrito por: CUT • Publicado em: 18/05/2017 - 07:58 • Última modificação: 23/04/2022 - 16:28 Escrito por: CUT Publicado em: 18/05/2017 - 07:58 Última modificação: 23/04/2022 - 16:28A página do jornal O Globo na internet afirma, no blog do colunista Lauro Jardim, publicada na noite desta quarta-feira (17) que os donos do frigorífico JBS gravaram o presidente Michel Temer dando aval para comprar o silêncio do deputado cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na operação Lava Jato. A informação dos empresários foi dada em delação à Procuradoria-Geral da República.
Segundo o jornal, Joesley Batista entregou uma gravação feita em março deste ano em que diz a Temer que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada para que permanecessem calados na prisão. Diante dessa informação, Temer diz, na gravação: "tem que manter isso, viu?"
No depoimento aos procuradores da força-tarefa da Lava Jato, Joesley afirma que não foi Temer quem determinou a mesada a Eduardo Cunha, mas que o presidente "tinha pleno conhecimento" da operação pelo silêncio do ex-deputado.
Em outra gravação, também de março, Temer indica o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para "resolver assuntos" da J&F, uma holding que controla a JBS. Posteriormente, Rocha foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil, enviados por Joesley.
O colunista conta que os irmãos Joesley e Wesley Batista estiveram na quarta-feira passada (10) no Supremo Tribunal Federal (STF) no gabinete do ministro relator da Lava Jato, Edson Fachin – responsável por homologar a delação dos empresários. Diante dele, os empresários teriam confirmado que tudo o que contaram à PGR em abril foi de livre e espontânea vontade.
Também na delação de Joesley aparece o senador Aécio Neves, presidente do PSDB, que é gravado pedindo ao empresário R$ 2 milhões, sob a justificativa de que precisava da quantia para pagar despesas com sua defesa na Lava-Jato.
O pedido de ajuda foi aceito e o empresário quis saber quem seria o responsável por pegar as malas com o dinheiro. Segundo o DCM, teria se dado então o seguinte diálogo:
Joesley: Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança.
Aécio: Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do c....
Ainda segundo o DCM, Aécio indicou seu primo Frederico Pacheco de Medeiros, para receber o dinheiro. Fred, como é conhecido, foi diretor da Cemig, nomeado por Aécio, e coordenador de logística de sua campanha a presidente em 2014.
Quem levou o dinheiro a Fred foi o diretor de Relações Institucionais da JBS, Ricardo Saud, um dos sete delatores. Foram quatro entregas de R$ 500 mil cada uma. A PF filmou uma delas.
A entrega do dinheiro ao primo de Aécio, também foi filmada.
Nem Temer nem Aécio se manifestaram ainda sobre a declaração.
Temer nega que comprou silêncio de Cunha
O presidente Michel Temer divulgou nota negando a ação para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Confira a íntegra:
O presidente Michel Temer jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar.
O encontro com o empresário Joesley Batista ocorreu no começo de março, no Palácio do Jaburu, mas não houve no diálogo nada que comprometesse a conduta do presidente da República.
O presidente defende ampla e profunda investigação para apurar todas as denúncias veiculadas pela imprensa, com a responsabilização dos eventuais envolvidos em quaisquer ilícitos que venham a ser comprovados.