Pagamento de auxílio-doença deve ser normalizado em um ano, por falta de servidor
Portaria do governo federal ordena volta do atendimento presencial nos pedidos de auxílio-doença. Mas contratação de militares e falta de servidor experiente no INSS só atrasou ainda mais a resolução
Escrito por: redação CUT • Publicado em: 18/01/2021 - 10:19 • Última modificação: 23/04/2022 - 15:09 Escrito por: redação CUT Publicado em: 18/01/2021 - 10:19 Última modificação: 23/04/2022 - 15:09Os trabalhadores e trabalhadoras que dependem do auxílio-doença para seu sustento e de suas famílias vão ter de esperar ainda mais para receberem o benefício, mesmo com a portaria do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), publicada nesta quinta-feira (14) exigindo o retorno do atendimento presencial para essas demandas, nos postos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O atendimento virtual e marcação de perícias médicas estavam previstos para acabar no dia 31 de janeiro, mas o governo federal antecipou a volta dos servidores a partir deste sábado (16).
O problema, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Seguro Social e da Previdência Social do Estado de São Paulo (SINSSP), Pedro Luis Totty, é que o trabalho administrativo que o servidor realiza para conceder o benefício está muito atrasado por que os médicos peritos se recusaram a atender presencialmente na pandemia do novo coronavírus (Covid19 ). Mesmo após eles terem voltado ao atendimento, há um número imenso de pedidos de benefícios represados.
“O servidor tem que verificar os pedidos concedidos, ou não, atuais e os atrasados. Creio que a situação só se normalize de seis meses a um ano”, prevê o dirigente.
O atraso no pagamento do auxílio-doença é culpa do governo Bolsonaro que contratou militares para fazer um serviço que não entendem. Pedimos para priorizar a contratação de servidor aposentado do INSS que entende do serviço. Hoje tem militar que só está num posto do INSS para ganhar um extra e não faz nada
- Pedro Luis Totty
Para o dirigente, o nível dos militares contratados pelo INSS é o mesmo do ministro da saúde, Eduardo Pazuello, que recomenda cloroquina para evitar a Covid-19, sem nenhuma comprovação científica.
“ Nós alertamos o governo federal para não contratar os militares e o resultado é este que está aí. Quem paga o preço da incompetência é a população que mais precisa”, diz Pedro
Servidores do INSS têm maior contágio que a média nacional
O temor dos servidores é o aumento do contágio de quem trabalha nos postos do INSS por serem locais fechados e com ar-condicionado, além do movimento de pessoas que costuma ser intenso.
O sindicato da categoria em São Paulo, a partir de um levantamento de dados, feito em dezembro de 2020, pedidos ao próprio INSS, chegou à conclusão que a média de contágios e mortes pela Covid-19 entre os servidores do órgão é maior do que a do Brasil.
Pelo levantamento do mês passado (dezembro /2020), o Brasil tinha cerca de 3,53% da população contaminada com 7.484.285 casos e 191.139 mortes, que representavam 2,55% dos contaminados.O INSS em São Paulo tem 1306 servidores que estão atendendo. Desses, 48 foram contaminados, o que equivale a 3,67%. Foram dois óbitos, ou seja, 3,67% dos servidores que estavam trabalhando presencialmente morreram.
“ O INSS contamina mais e mata mais do que as estatística do Brasil, isso porque estamos somente trabalhando com dados de servidores que voltaram ao trabalho, sem falar de contratados, estagiários e terceirizados”, denuncia Pedro Totty.
Trabalho remoto rende mais
O presidente do SINSSP ressalta que o pagamento de aposentadoria e outros benefícios ,exceto o auxílio-doença, estão em dia por que com o trabalho presencial, o servidor tem utilizado sua própria internet, que não está sujeita a tantas interrupções como acontecem nos postos do INSS, por causa do sucateamento e descaso que o governo federal vem promovendo no órgão.
Pedro explica que o INSS abriu processo de participação dividida em pessoas que fazem trabalho remoto, por serem ou terem familiares no grupo de risco; semipresencial com idas duas vezes por semana ao trabalho e o trabalho presencial. A opção coube ao servidor.
“O INSS de São Paulo em hoje cerca de 4 mil servidores e pouco mais de mil estão trabalhando presencialmente”, conta Pedro.
Agenda de negociações
No próximo dia 20 deste mês, haverá uma reunião dos servidores com o Superintendente do INSS de São Paulo, José Carlos Oliveira, onde o sindicato irá questionar o retorno ao trabalho presencial e outras reivindicações.
Agendamento como fazer
O agendamento presencial deve ser feito pelo telefone 135 ou pelo aplicativo Meu INSS, onde será possível escolher data, hora e local da perícia. A lista de agências está disponível no site do órgão. O INSS afirma que 491 locais estão aptos para realizar os procedimentos, com mais de 2.000 médicos peritos atuando em todo o país.
Segundo reportagem do UOL, até 4 de janeiro havia mais de 520 mil pedidos de agendamento para as próximas semanas.