Intercâmbio integra jovens sindicalistas da América Latina com os da Alemanha

CNTRV integra projeto que é promovido pela IndustriALL Global Union, em parceria com entidades sindicais alemãs

Escrito por: Redação CNTRV • Publicado em: 23/10/2018 - 21:03 • Última modificação: 23/10/2018 - 21:15 Escrito por: Redação CNTRV Publicado em: 23/10/2018 - 21:03 Última modificação: 23/10/2018 - 21:15

Divulgação IndustriALL

                Integração, troca de experiências, análise da conjuntura regional e mapeamento das condições de vida e trabalho da juventude de 10 países (Brasil, Argentina, Alemanha, Chile, Colômbia, México, Nicarágua, Peru, República Dominicana e Uruguai), marcaram o intercâmbio entre jovens sindicalistas promovido pela IndustriALL Global Union, com apoio do IG Metall da Alemanha e Fundação Friedrich Ebert. O evento, realizado em Buenos Aires, de 7 a 13 de outubro, foi o primeiro de 3 encontros que realizados até 2020. As próximas atividades presenciais deverão ocorrer no Brasil e na Alemanha. “Vamos nos empenhar ao máximo para acolher bem nossos companheiros e companheiras de intercâmbio aqui no Brasil no próximo ano. Para nós, jovens sindicalistas, a troca de experiências é uma necessidade eminente frente a defesa da classe trabalhadora contra qualquer tipo de opressão”, frisou Mayara Feitosa, uma das participantes indicadas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Vestuário da CUT, CNTRV. Mayara integra a direção do Sindicato dos Trabalhares nas Indústrias de Calçados de Itapetinga, cidade baiana localizada a aproximadamente 450 quilômetros de Salvador.

                Junto com Mayara, participa do projeto a jovem sindicalista cearense, Renata Nogueira, que também trabalha na indústria de calçados e integra a direção do Sindicato dos Calçadistas do Ceará. “Venho de uma família humilde e jamais imaginei ter a oportunidade de viajar para outro país para trocar experiências com outras pessoas que, embora vivam em países diferentes, enfrentam desafios semelhantes. Tenho 29 anos e sou casada. Conciliar trabalho, família e militância sindical não é uma tarefa fácil em nenhum lugar do mundo, mas é extremamente possível”, relata.

Leia também: Jovens sindicalistas do ramo vestuário da CUT integram projeto de intercâmbio sindical

 

 

Entrevista

                A redação da CNTRV conversou com Renata Nogueira e Mayara Feitosa sobre suas participações no projeto de intercâmbio da IndustriALL Global Union, uma entidade sindical que está presente em mais de 150 países e representa cerca de 50 milhões de trabalhadores dos setores têxtil/vestuário, químico, metalúrgico e alimentação. Elas falaram das dificuldades enfrentadas em atrair a juventude para a ação sindical e da importância da formação e interação das direções experientes com as lideranças mais jovens. Confira a entrevista na íntegra:

Na Argentina, vocês puderam trocar experiências com jovens sindicalistas de 10 países, incluindo o Brasil.  Foi possível identificar semelhanças nas realidades compartilhadas no intercâmbio?

Mayara: São muitos os desafios em comum. Posso citar como exemplo o fato dos sindicalistas mais experientes não depositarem a confiança necessária para que os trabalhadores e trabalhadoras mais jovens ocupem cargos com poder de decisão nas entidades. Quando se trata de mulher jovem, a desconfiança aumenta ainda mais. Parece que muitos não acreditam que a gente dê conta da dupla ou tripla jornada como trabalhadora, mãe e, muitas vezes, estudante. Essa desconfiança não acontece só no Brasil. Ela foi relatada pela maioria dos participantes do intercâmbio. A qualificação e a formação sindical, não só da juventude, mas de toda a direção, pode ajudar muito na superação desse problema.

Renata: Quando visitamos uma fábrica argentina, percebemos que a falta de engajamento da juventude na ação sindical não é um problema exclusivo do Brasil. Observamos que os jovens argentinos não têm muito interesse em atuar como dirigentes sindicais.

 

Na visão de vocês, o que leva a esse distanciamento da juventude com relação à estrutura sindical, especialmente no Brasil?

Renata: Refletimos muito sobre o quanto a presença de lideranças mais jovens afetam algumas direções que já estão acomodadas. Penso que os sindicatos poderiam realizar mais atividades voltadas para a juventude trabalhadora. De forma geral, raramente encontramos espaços específicos para discutir e implementar políticas voltadas para os trabalhadores e trabalhadoras mais jovens.

Mayara: Os jovens estão ingressando no mercado de trabalho com as conquistas já adquiridas. Nos últimos anos, o movimento sindical obteve grandes avanços sobre os salários, benefícios e condições de trabalho, mas a juventude não participou dessa luta e está acomodada. Cabe a nós usar a estratégia correta para contar essa história para os jovens trabalhadores e despertá-los para a importância dos sindicatos sobre a garantia dos direitos e os avanços nas conquistas.

 

A troca de experiência entre jovens sindicalistas de outros países despertou novas ideias para o fortalecimento da pauta da juventude nas entidades que vocês atuam?

Mayara: A criação da Secretaria de Juventude é um passo essencial para a consolidação da pauta dos trabalhadores e trabalhadores com idade até 35 anos. Os sindicatos precisam criar políticas e colocar em prática ideias criativas que resultem na aproximação da juventude à luta sindical.

Renata: Uma das experiências que mais me chamou a atenção foi a do Sindicato dos Metalúrgicos da Alemanha que realiza Congresso específico para a juventude e planeja uma série de ações que buscam fortalecer a atuação dos jovens na luta por mais e melhores empregos, remuneração justa e oportunidades para o crescimento profissional.

 

Como vocês enxergam a participação da juventude nas entidades do Ramo Vestuário da CUT?

Renata: Na entidade em que atuo há pouca participação da juventude e percebi que esse é um problema que ocorre em quase todas as entidades que participam do projeto. Os sindicatos precisam criar mais espaços de atuação específica para a juventude. Os jovens não se sentem atraídos pelo atual modelo das atividades sindicais.

Mayara: A participação é mínima, mas existe. Prova disso é minha atuação junto ao Sindicato e minha participação nesse projeto. Tenho 28 anos, sou casada, tenho um filho de 6 anos, estudo e sou sindicalista. A militância sindical na juventude é difícil. A maioria dos jovens estão interessados em várias coisas, menos no Sindicato. Por outro lado, as entidades precisam inovar o método para atrair mais jovens e deixar que eles participem dos espaços onde as decisões importantes são tomadas. Sonho em ver mais mulheres jovens presidindo sindicatos.

 

Quais as expectativas para o próximo encontro que será realizado em 2019, aqui no Brasil?

Mayara: Vamos apresentar nossa realidade e tentar passar um pouco da nossa história de luta, conquistas e desafios, especialmente sob o ponto de vista da juventude trabalhadora.

Renata: Assumimos o compromisso em desenvolver um plano de ação para o fortalecimento da participação da juventude em nossas respectivas entidades.

 

Assista o vídeo sobre o intercâmbio

Veja a galeria de fotos

MATÉRIA DISPONIBLE EN ESPAÑOL

Título: Intercâmbio integra jovens sindicalistas da América Latina com os da Alemanha, Conteúdo:                 Integração, troca de experiências, análise da conjuntura regional e mapeamento das condições de vida e trabalho da juventude de 10 países (Brasil, Argentina, Alemanha, Chile, Colômbia, México, Nicarágua, Peru, República Dominicana e Uruguai), marcaram o intercâmbio entre jovens sindicalistas promovido pela IndustriALL Global Union, com apoio do IG Metall da Alemanha e Fundação Friedrich Ebert. O evento, realizado em Buenos Aires, de 7 a 13 de outubro, foi o primeiro de 3 encontros que realizados até 2020. As próximas atividades presenciais deverão ocorrer no Brasil e na Alemanha. “Vamos nos empenhar ao máximo para acolher bem nossos companheiros e companheiras de intercâmbio aqui no Brasil no próximo ano. Para nós, jovens sindicalistas, a troca de experiências é uma necessidade eminente frente a defesa da classe trabalhadora contra qualquer tipo de opressão”, frisou Mayara Feitosa, uma das participantes indicadas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Vestuário da CUT, CNTRV. Mayara integra a direção do Sindicato dos Trabalhares nas Indústrias de Calçados de Itapetinga, cidade baiana localizada a aproximadamente 450 quilômetros de Salvador.                 Junto com Mayara, participa do projeto a jovem sindicalista cearense, Renata Nogueira, que também trabalha na indústria de calçados e integra a direção do Sindicato dos Calçadistas do Ceará. “Venho de uma família humilde e jamais imaginei ter a oportunidade de viajar para outro país para trocar experiências com outras pessoas que, embora vivam em países diferentes, enfrentam desafios semelhantes. Tenho 29 anos e sou casada. Conciliar trabalho, família e militância sindical não é uma tarefa fácil em nenhum lugar do mundo, mas é extremamente possível”, relata. Leia também: Jovens sindicalistas do ramo vestuário da CUT integram projeto de intercâmbio sindical     Entrevista                 A redação da CNTRV conversou com Renata Nogueira e Mayara Feitosa sobre suas participações no projeto de intercâmbio da IndustriALL Global Union, uma entidade sindical que está presente em mais de 150 países e representa cerca de 50 milhões de trabalhadores dos setores têxtil/vestuário, químico, metalúrgico e alimentação. Elas falaram das dificuldades enfrentadas em atrair a juventude para a ação sindical e da importância da formação e interação das direções experientes com as lideranças mais jovens. Confira a entrevista na íntegra: Na Argentina, vocês puderam trocar experiências com jovens sindicalistas de 10 países, incluindo o Brasil.  Foi possível identificar semelhanças nas realidades compartilhadas no intercâmbio? Mayara: São muitos os desafios em comum. Posso citar como exemplo o fato dos sindicalistas mais experientes não depositarem a confiança necessária para que os trabalhadores e trabalhadoras mais jovens ocupem cargos com poder de decisão nas entidades. Quando se trata de mulher jovem, a desconfiança aumenta ainda mais. Parece que muitos não acreditam que a gente dê conta da dupla ou tripla jornada como trabalhadora, mãe e, muitas vezes, estudante. Essa desconfiança não acontece só no Brasil. Ela foi relatada pela maioria dos participantes do intercâmbio. A qualificação e a formação sindical, não só da juventude, mas de toda a direção, pode ajudar muito na superação desse problema. Renata: Quando visitamos uma fábrica argentina, percebemos que a falta de engajamento da juventude na ação sindical não é um problema exclusivo do Brasil. Observamos que os jovens argentinos não têm muito interesse em atuar como dirigentes sindicais.   Na visão de vocês, o que leva a esse distanciamento da juventude com relação à estrutura sindical, especialmente no Brasil? Renata: Refletimos muito sobre o quanto a presença de lideranças mais jovens afetam algumas direções que já estão acomodadas. Penso que os sindicatos poderiam realizar mais atividades voltadas para a juventude trabalhadora. De forma geral, raramente encontramos espaços específicos para discutir e implementar políticas voltadas para os trabalhadores e trabalhadoras mais jovens. Mayara: Os jovens estão ingressando no mercado de trabalho com as conquistas já adquiridas. Nos últimos anos, o movimento sindical obteve grandes avanços sobre os salários, benefícios e condições de trabalho, mas a juventude não participou dessa luta e está acomodada. Cabe a nós usar a estratégia correta para contar essa história para os jovens trabalhadores e despertá-los para a importância dos sindicatos sobre a garantia dos direitos e os avanços nas conquistas.   A troca de experiência entre jovens sindicalistas de outros países despertou novas ideias para o fortalecimento da pauta da juventude nas entidades que vocês atuam? Mayara: A criação da Secretaria de Juventude é um passo essencial para a consolidação da pauta dos trabalhadores e trabalhadores com idade até 35 anos. Os sindicatos precisam criar políticas e colocar em prática ideias criativas que resultem na aproximação da juventude à luta sindical. Renata: Uma das experiências que mais me chamou a atenção foi a do Sindicato dos Metalúrgicos da Alemanha que realiza Congresso específico para a juventude e planeja uma série de ações que buscam fortalecer a atuação dos jovens na luta por mais e melhores empregos, remuneração justa e oportunidades para o crescimento profissional.   Como vocês enxergam a participação da juventude nas entidades do Ramo Vestuário da CUT? Renata: Na entidade em que atuo há pouca participação da juventude e percebi que esse é um problema que ocorre em quase todas as entidades que participam do projeto. Os sindicatos precisam criar mais espaços de atuação específica para a juventude. Os jovens não se sentem atraídos pelo atual modelo das atividades sindicais. Mayara: A participação é mínima, mas existe. Prova disso é minha atuação junto ao Sindicato e minha participação nesse projeto. Tenho 28 anos, sou casada, tenho um filho de 6 anos, estudo e sou sindicalista. A militância sindical na juventude é difícil. A maioria dos jovens estão interessados em várias coisas, menos no Sindicato. Por outro lado, as entidades precisam inovar o método para atrair mais jovens e deixar que eles participem dos espaços onde as decisões importantes são tomadas. Sonho em ver mais mulheres jovens presidindo sindicatos.   Quais as expectativas para o próximo encontro que será realizado em 2019, aqui no Brasil? Mayara: Vamos apresentar nossa realidade e tentar passar um pouco da nossa história de luta, conquistas e desafios, especialmente sob o ponto de vista da juventude trabalhadora. Renata: Assumimos o compromisso em desenvolver um plano de ação para o fortalecimento da participação da juventude em nossas respectivas entidades.   Assista o vídeo sobre o intercâmbio Veja a galeria de fotos MATÉRIA DISPONIBLE EN ESPAÑOL



Informativo CNTRV

Cadastre-se e receba periodicamente
nossos boletins informativos.