Indústria têxtil fica US$ 10 bi menor
A indústria de roupas e confecções estima contabilizar, ao final de 2012, faturamento bruto de US$ 57 bilhões
Escrito por: CNTV CUT • Publicado em: 13/12/2012 - 17:32 Escrito por: CNTV CUT Publicado em: 13/12/2012 - 17:32
A indústria de roupas e confecções estima contabilizar, ao final de 2012, faturamento bruto de US$ 57 bilhões. Conforme as previsões do sindicato do setor, o Sindivestuário, haverá queda de US$ 10 bilhões, na comparação com o ano passado. "O resultado se deve à queda de produção e à variação cambial. Se nada acontecer para mudar o cenário, o faturamento de 2013 será ainda menor", afirma o presidente da entidade, Ronald Moris Masijah.
A compilação de dados sobre a produção física industrial do setor, elaborada pelo Sindivestuário (com base em números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE) aponta retração de 4,6% na atividade têxtil e de 10,63% em vestuário, de janeiro a outubro de 2012, ante igual período de 2011. "Esse 10,63% é recorde histórico para nós", lamenta Masijah. Em São Paulo, na mesma base de comparação, houve retração de 5,73% na área têxtil e de 17,65% na de vestuário.
Reivindicações – Pela sua análise, 2012 terá sido o pior ano das últimas duas décadas para o setor. E 2013, sentencia, é decisivo para se definir o futuro. "Depende do governo. Ele terá que decidir se quer manter a indústria têxtil e de confecção no Brasil ou se vai abrir mão delas. Os Estados Unidos e a Europa abriram mão e estão arrependidos", alerta.
O setor aguarda que o governo federal analise relatório encaminhado em setembro último, com pedido de salvaguarda, a ser encaminhado à Organização Mundial do Comércio (OMC) para inibir importações.
O setor também reivindica regime tributário diferenciado, com permissão para que todas as empresas – independentemente do faturamento anual – possam aderir ao regime tributário do Simples Nacional. A proposta visa eliminar a pulverização da produção, alimentada por empreendimentos que se dividiram em pequenas indústrias, para não perder os benefícios dessa adesão, e resgatar o ganho de economia de escala.
São Paulo – Para o executivo, no âmbito federal não acontecerá mais nada, neste ano, que possa reverter o cenário de "catástrofe" para o setor, mas há esperanças na esfera estadual.
Há dois meses, o sindicato se reúne com representantes do governo paulista com esse objetivo. O próximo encontro acontece hoje. A expectativa é a de que seja renovado o decreto que reduz de 12% para 7% a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para a área têxtil e de confecção.
O presidente do Sindivestuário destaca, entre os pleitos encaminhados ao governo estadual, pedido para concessão de crédito presumido de 5%, para o varejo que realizar compras (de produtos do setor) no estado. O setor também reivindica que o governo considere a mão de obra da sua indústria como matéria-prima e que ela, assim, gere crédito de ICMS. "O meu insumo é a mão de obra", argumenta Masijah.
Na indústria têxtil, há dois insumos (fios e energia elétrica) que geram crédito de ICMS. Na de confecção, compara, a matéria-prima, que gera esse crédito é 40% dos custos. "A mão de obra, os outros 60%, não gera crédito de ICMS", lamenta.
Natal – O executivo diz que em 2012 o varejo protelou para meados de novembro as encomendas de final de ano, normalmente efetivadas a partir de setembro. "A indústria tirou o pé do acelerador com a produção. E aí, perdeu o tempo para as compras. Acredito que até possa faltar produto para o Natal", afirma.
Masijah acrescenta que era tarde (em meados de novembro) para suprir a demanda do varejo com importação. "E com o dólar mais alto, o mercado já havia importado menos", completa.
Darling, resistindo à importação.
A Darling Confecções, sob o comando de Ronald Moris Masijah, está pronta, se for necessário, para viabilizar importações que abasteçam as suas coleções de lingerie. "Para mim, o ano de 2013 é um divisor de águas", comenta o empresário. Ele explica que, se até o final do primeiro semestre não houver um cenário mais favorável, será obrigado a trilhar esse caminho. "Há muita gente do setor que já faz isso. Estou resistindo. A empresa e a marca sobrevivem com a importação. Mas o que eu faço com os 400 colaboradores da Darling?", questiona Masijah.
Segundo ele, se o governo não acenar com alternativas, as indústrias se transformarão em importadoras. É fácil, afirma o empresário, promover essa transformação. Mas se abastecer no exterior, ressalva, limita a agilidade para se atualizar as coleções.
Fonte: Diário do Comércio