“Indústria tem que estar no centro do debate”, diz Trajano
O Plano Indústria 10+ foi elaborado a partir do Seminário: Desafios da Indústria no Brasil e os trabalhadores e trabalhadoras, realizado pelo MSI e TID, em junho de 2018 e atualizado recentemente
Escrito por: Rossana Lessa • Publicado em: 06/06/2022 - 18:18 Escrito por: Rossana Lessa Publicado em: 06/06/2022 - 18:18Print Zoom
Mais de 60 dirigentes dos seis setores que compõem o Macrossetor da Indústria da CUT e o Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento, o TID-Brasil, participaram nesta segunda, 30, por meio de videoconferência, da atividade de formação sobre o Plano Indústria 10+ Desenvolvimento Produtivo, Tecnológico e Social.
“O objetivo dessa formação é aprimorarmos o nosso conhecimento e termos essa proposta na ponta da língua”, afirmou a coordenadora do MSI-CUT e presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo do Vestuário, CNTRV-CUT, Cida Trajano.
Segundo ela, os dirigentes do Macrossetor e do TID querem que a sociedade enxergue a importância da indústria e sua relevância social.
“Nosso papel é trazer a política pública da indústria para o centro do debate sobre o desenvolvimento econômico do País”, completou Trajano.
O Plano Indústria 10+ foi elaborado a partir do Seminário: Desafios da Indústria no Brasil e os trabalhadores e trabalhadoras, realizado pelo MSI e TID, em junho de 2018 e atualizado após um ciclo de debates sobre indústria 4.0, o papel das estatais no desenvolvimento, as pequenas e médias indústrias, a transição energética, tributação, qualificação profissional entre outros, com a nova versão foi aprovada em Seminário, no dia 28 de abril deste ano. Confira a íntegra em www.tidbrasil.org.br
O presidente do TID-Brasil, Rafael Marques destacou que entre as principais modificações ao documento original está a inclusão do conceito de missões.
“Entendemos que o desenvolvimento industrial no Brasil deva ser atrelado a solução de problemas sociais e que a indústria é capaz de buscar soluções para demandas de habitação, mobilidade, saúde, educação, entre outros e essa deve ser a missão, a contrapartida, estabelecida pelos agentes públicos”, defendeu.
A apresentação da atualização do Plano Indústria 10+, durante a atividade de formação, foi feita pelo técnico do Dieese, Douglas Ferreira.
Ele destacou a perda da participação industrial na composição do Produto Interno Bruto, o PIB, no Brasil, que representou 35%, em 1985 e hoje é de apenas 11%.
“Apesar dessa perda expressiva, é na indústria que está a maioria dos empregos formais, com aumento absoluto de 54,8% entre 2003 e 2013”, explicou.
Além disso, a renda média de um trabalhador ou trabalhadora na indústria cresceu 26,9% entre 2002 e 2015, segundo levantamento do Dieese e encolheu 7,5%, a partir de 2015.
Ferreira elencou sete pontos primordiais, considerados na elaboração e atualização do Plano Indústria: Progressiva e sistemática fragilização da atividade industrial no Brasil; Desindustrialização; morte da política industrial no pós-golpe de 2016; estagnação na estratégia e esforço de inovação; precarização das estruturas de ciência, tecnologia e inovação; alta dependência de importação de bens industriais de alta e média-alta tecnologia e direcionamento da indústria brasileira para produção de baixa tecnologia.
Segundo ele, o Plano traz à política industrial a perspectiva dos trabalhadores e trabalhadores, que tem como objetivo a reversão do processo de desindustrialização, a geração de trabalho decente e uma contribuição decisiva para a melhoria da qualidade de vida da população.
Os dirigentes debateram as principais preocupações em relação ao desenvolvimento e participação dos trabalhadores e trabalhadoras nesse processo, entre elas a qualificação profissional, a transição energética, a indústria 4.0, a transparência dos gastos tributários para as indústrias e o acompanhamento desses recursos, além da disseminação da proposta para a base de cada ramo.