Grupo Riachuelo é condenado por adoecer costureira
Caso escancara trabalho precário dentro das fábricas da moda
Escrito por: João Andrade ? Comunicação CNTV/CUT • Publicado em: 28/01/2016 - 18:15 Escrito por: João Andrade ? Comunicação CNTV/CUT Publicado em: 28/01/2016 - 18:15
A Guararapes Confecções, empresa do grupo Riachuelo instalada em Natal/RN, foi condenada a pagar pensão vitalícia para uma de suas costureiras que comprovou os abusos físicos e psicológicos sofridos dentro da fábrica. A costureira adquiriu uma doença denominada Síndrome do Túnel do Carpo, que reduziu sua capacidade laboral, provocando dores e inchaço nos braços.
Em dezembro de 2015, o Tribunal Superior do Trabalho (TST), condenou a Guararapes Confecções a pagar o equivalente a 40% da última remuneração da costureira enquanto durar a incapacidade, além de 10 mil reais a título de indenização. O Grupo Riachuelo negou as acusações e disse cumprir a legislação trabalhista.
Cida Trajano, Presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores Vestuários da CUT (CNTV), considerou que “o caso traz à tona uma dura realidade vivenciada por trabalhadoras do setor de confecções no Brasil e no mundo. Grandes marcas se apropriam de mão-de-obra precária visando atender o modelo “fast fashion” que imprime a necessidade de produção em alta escala em tempo reduzido. A consequência é drástica para a saúde física e mental dessas trabalhadoras. Com certeza esta condenação, como outras já existentes, abre caminho para o fortalecimento da luta contra o trabalho precário”.
Condições desumanas
A costureira potiguar relatou que muitas vezes ficava sem tomar água, já que a utilização dos sanitários era controlada pela chefia. Outro ponto que chamou a atenção, foi a imposição de metas abusivas como a confecção de mil peças de bainha por jornada. Ao procurar atendimento no ambulatório da empresa com sintomas da Síndrome do Túnel do Carpo, a costureira teria sido medicada e reconduzida ao trabalho.
Trabalho precário no sertão
A Guararapes Confecções também é criticada pela terceirização de sua produção. Segundo reportagem feita pelo site reporterbrasil.com, em parceria com o DGB Bilduwgswerk, (um centro de formação sindical alemão) “a empresa instalou oficinas no interior do Rio Grande do Norte, cujas costureiras recebem menores salários e benefícios, além de cumprirem uma extensa e exaustiva jornada de trabalho sob condições ergonômicas ainda piores que nas grandes fábricas”.
Costureiras doentes
Informações públicas do Programa Trabalho Seguro do Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Norte, revela que a maioria das ações sobre saúde do trabalhador no Estado está ligada à indústria têxtil. Para o Juiz que coordena o programa, Dr. Alexandre Érico Alves da Silva, “no RN, a maioria das costureiras que trabalham já há algum tempo na profissão, está adoecendo”.