Encontro do Macrossetor reúne mais de 80 dirigentes de SP e MG
A atividade foi promovida em parceria com o Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento, o TID-Brasil
Escrito por: Rosssana Lessa - TID Brasil • Publicado em: 18/06/2020 - 16:06 Escrito por: Rosssana Lessa - TID Brasil Publicado em: 18/06/2020 - 16:06Divulgação
Mais de 80 representantes de trabalhadores e trabalhadoras, metalúrgicos, químicos, do ramo do vestuário, da alimentação, da construção e madeira e do Sinergia, participaram na quinta-feira (11) por videoconferência, do Encontro Regional do Macrossetor da Indústria da CUT, etapa de São Paulo e Minas Gerais.
A atividade foi promovida em parceria com o Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento, o TID-Brasil, e debateu a crise no setor e seu agravamento por conta da pandemia do novo coronavírus.
O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, a CNM-CUT, Paulo Cayres, que coordenou o Encontro, destacou a atuação do movimento sindical em tempos de pandemia.
"Essa unidade do Macrossetor, que está se fortalecendo a cada dia e a cada Encontro como esse, é a consolidação desse projeto que de fato irá possibilitar que a classe trabalhadora consiga manter os seus empregos e interagir na recuperação da nossa indústria", afirmou.
"Vale lembrar que nesse momento de dificuldade, muitos que nos demonizaram no passado estão bem longe agora, quem está colocando a vida em risco para defender os trabalhadores e trabalhadoras são os sindicatos, as centrais, as federações e confederações de trabalhadores", completou Cayres.
O presidente da CUT São Paulo, Douglas Rizzo, alertou para o retrocesso social que tem acontecido no Estado paulista com a queda brusca na indústria.
"O Brasil não irá se posicionar como um grande país sem uma indústria forte. Para isso, temos que encontrar saídas e jogar luz sobre os problemas, juntar todos os ramos da indústria e construirmos saídas coletivas", defendeu.
Jairo Nogueira Filho, presidente da CUT Minas Gerais, apontou a dificuldade de debater com os trabalhadores no chão de fábrica, por conta das perseguições das chefias e da precarização nas relações de trabalho, o que tem causado temor aos companheiros de se aproximarem dos representantes sindicais.
"Com a terceirização muito grande, o trabalhador ganha por produtividade e isso dificulta a atuação sindical. Então estamos nos reinventando, pensando em outras formas de atuação, por território, onde o trabalhador mora, por exemplo, lá o patrão não vigia", contou o dirigente.
Segundo ele, há ainda a dificuldade de diálogo com o governo conservador de Romeu Zema e com o de Bolsonaro, que não discutem a questão do desemprego em plena pandemia.
Para o presidente do TID-Brasil, Rafael Marques, o presidente Jair Bolsonaro governa no caos e prefere manter uma interlocução restrita aos seus apoiadores.
"Vivemos sim uma crise do capitalismo, por que as pessoas passaram a desconfiar das instituições de maneira muito profunda, por não terem combatido as desigualdades", avaliou.
"Esse cenário é uma terra fértil para a proliferação de notícias falsas, as fakenews, como aconteceu com o Brexit, onde seus defensores se sentiam alijados da partilha do bem estar social", exemplificou Rafael.
Diante dessa realidade, o presidente chamou a atenção para possíveis rupturas com o estado democrático de direito.
"O momento é desafiador, mas a questão democrática é fundamental. Na normalidade democrática nós crescemos. Se houver um rompimento com a democracia, o maior dano será para os trabalhadores organizados", concluiu.
Os dirigentes também debateram a organização e estrutura sindical, diante da perspectiva de aumento da concentração econômica no pós-pandemia.
"Será algo danoso para os empregos, para a organização sindical e para os consumidores. O aumento da pobreza, da miséria e da fome será algo assustador", lamentou Quintino Severo, secretário-adjunto de Relações Internacionais da CUT Nacional.
O secretário-geral da CUT-SP, João Cayres, elencou uma série de experiências pelo mundo que podem guiar uma reestruturação sindical, necessária por conta de todos os ataques que o movimento vem sofrendo nos últimos quatro anos, visando o enfraquecimento da organização dos trabalhadores