Cultura exportadora aumenta a competitividade

Escrito por: Jornal do Brasil • Publicado em: 02/03/2014 - 12:40 Escrito por: Jornal do Brasil Publicado em: 02/03/2014 - 12:40

Em se tratando de comércio exterior, uma das vantagens para quem está no dia a dia da prospecção internacional é quando o câmbio está favorável ao exportador. É o que está acontecendo  neste momento, quando o dólar está mais valorizado em relação à nossa moeda. Essa flutuação do câmbio, contudo, não garante por si só o aumento das exportações brasileiras. Além da mobilização política junto ao governo para efetivar medidas que devolvam a competitividade, a Abit também está fomentando as empresas para promover inovação e sustentabilidade (e sustentabilidade considerando o crescimento economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto), fortalecendo assim a imagem que a indústria da moda brasileira já tem no exterior. Sim, o Brasil é tido como um país que desenvolve moda ecologicamente correta.

Ter um diferencial como este, no entanto, também não garante uma concorrência mais justa. No concorrido e dinâmico mercado internacional da moda, defender o mercado doméstico da concorrência desleal é justo e deve ser feito na medida certa. Por essa razão, não se pode confundi-la com práticas protecionistas, absolutamente inadequadas no mundo globalizado. A Abit defende que, se a produção e o mercado são globais, os meios de produção também devem ser regidos por uma ética global. Esta posição equilibrada estará na agenda do setor têxtil e de confecção, assim como os temas trabalhistas e tributários, porém, a busca pela inovação tem sido um trabalho diário. Até porque, se uma empresa não é competitiva no mercado doméstico, não o será no comércio exterior. Muitas vezes, o que vemos são empresas que, ao se prepararem para o comércio internacional, adquirindo cultura exportadora, acabam por se tornarem ainda mais competitivas no mercado interno.

O setor vem se preparando há algum tempo para produzir, cada vez mais, produtos com valor agregado e DNA brasileiro. Tenho visitado os principais centros de inovação, design e tecnologia do mundo para fechar acordos de parceria. São centros de excelência no que há de mais moderno para a indústria da moda, porém seus países (Espanha, Portugal, EUA, Japão) estão produzindo hoje na Ásia  e nem sempre se utilizam do que é desenvolvido nesses lugares. Queremos trazer essas pesquisas e know-how para o Brasil e, também, parte dessa produção mundial. Afinal, aqui existem 32 mil indústrias, das fibras até às confecções, dos engenheiros aos estilistas. Somos a última cadeia completa do Ocidente. Podemos dar esse importante passo.

Ademais, produzir na China já não é tão barato. Ressurge, ainda, o conceito de que, mesmo na sociedade globalizada, é importante fabricar perto do mercado consumidor. Neste aspecto, sempre é pertinente lembrar: temos no Brasil 200 milhões de habitantes, cuja renda cresceu razoavelmente nos últimos dez anos. O crescimento do varejo, nesse período, abriu espaço para os importados, numa concorrência desleal, mas o varejo precisará cada vez mais de produção perto do consumidor. Por isso, precisamos ser globalmente competitivos, fator fundamental para reconquistarmos nosso próprio mercado interno. 

O cenário ainda é difícil. A retomada da produtividade será um dos principais desafios. Temos o RTCC (Regime Tributário Competitivo para Confecção) para defender em Brasília num ano de Copa e de eleição. Queremos convidar para virem à Abit todos os pré-candidatos à Presidência e ao Senado, individualmente, para discutir os principais problemas que afetam o setor. Além de câmbio, inovação, RTCC, é preciso também fazer acordos preferenciais de comércio com os principais compradores globais, para finalmente aumentarmos as exportações.

A indústria têxtil está fazendo a sua parte e, ao mesmo tempo, segue engajada, ao lado de todos os setores produtivos, para melhorar o ambiente de negócios no país. Têm sido rotineiras medidas provisórias do governo alterando as regras do jogo e criando desconfortável insegurança jurídica. De outro lado, os incentivos pontuais e datados não geram otimismo  nem prazo suficiente para o empresário poder planejar e investir.

A iniciativa privada, com foco na inovação, eficiência e produtividade, e o governo, com foco na realização de reformas estruturais e estabelecimento de regras claras para a economia, podem e devem promover os avanços capazes de resgatar a competitividade e um crescimento mais substantivo do PIB brasileiro!

* Rafael Cervone é o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

Título: Cultura exportadora aumenta a competitividade, Conteúdo: Em se tratando de comércio exterior, uma das vantagens para quem está no dia a dia da prospecção internacional é quando o câmbio está favorável ao exportador. É o que está acontecendo  neste momento, quando o dólar está mais valorizado em relação à nossa moeda. Essa flutuação do câmbio, contudo, não garante por si só o aumento das exportações brasileiras. Além da mobilização política junto ao governo para efetivar medidas que devolvam a competitividade, a Abit também está fomentando as empresas para promover inovação e sustentabilidade (e sustentabilidade considerando o crescimento economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto), fortalecendo assim a imagem que a indústria da moda brasileira já tem no exterior. Sim, o Brasil é tido como um país que desenvolve moda ecologicamente correta. Ter um diferencial como este, no entanto, também não garante uma concorrência mais justa. No concorrido e dinâmico mercado internacional da moda, defender o mercado doméstico da concorrência desleal é justo e deve ser feito na medida certa. Por essa razão, não se pode confundi-la com práticas protecionistas, absolutamente inadequadas no mundo globalizado. A Abit defende que, se a produção e o mercado são globais, os meios de produção também devem ser regidos por uma ética global. Esta posição equilibrada estará na agenda do setor têxtil e de confecção, assim como os temas trabalhistas e tributários, porém, a busca pela inovação tem sido um trabalho diário. Até porque, se uma empresa não é competitiva no mercado doméstico, não o será no comércio exterior. Muitas vezes, o que vemos são empresas que, ao se prepararem para o comércio internacional, adquirindo cultura exportadora, acabam por se tornarem ainda mais competitivas no mercado interno. O setor vem se preparando há algum tempo para produzir, cada vez mais, produtos com valor agregado e DNA brasileiro. Tenho visitado os principais centros de inovação, design e tecnologia do mundo para fechar acordos de parceria. São centros de excelência no que há de mais moderno para a indústria da moda, porém seus países (Espanha, Portugal, EUA, Japão) estão produzindo hoje na Ásia  e nem sempre se utilizam do que é desenvolvido nesses lugares. Queremos trazer essas pesquisas e know-how para o Brasil e, também, parte dessa produção mundial. Afinal, aqui existem 32 mil indústrias, das fibras até às confecções, dos engenheiros aos estilistas. Somos a última cadeia completa do Ocidente. Podemos dar esse importante passo. Ademais, produzir na China já não é tão barato. Ressurge, ainda, o conceito de que, mesmo na sociedade globalizada, é importante fabricar perto do mercado consumidor. Neste aspecto, sempre é pertinente lembrar: temos no Brasil 200 milhões de habitantes, cuja renda cresceu razoavelmente nos últimos dez anos. O crescimento do varejo, nesse período, abriu espaço para os importados, numa concorrência desleal, mas o varejo precisará cada vez mais de produção perto do consumidor. Por isso, precisamos ser globalmente competitivos, fator fundamental para reconquistarmos nosso próprio mercado interno.  O cenário ainda é difícil. A retomada da produtividade será um dos principais desafios. Temos o RTCC (Regime Tributário Competitivo para Confecção) para defender em Brasília num ano de Copa e de eleição. Queremos convidar para virem à Abit todos os pré-candidatos à Presidência e ao Senado, individualmente, para discutir os principais problemas que afetam o setor. Além de câmbio, inovação, RTCC, é preciso também fazer acordos preferenciais de comércio com os principais compradores globais, para finalmente aumentarmos as exportações. A indústria têxtil está fazendo a sua parte e, ao mesmo tempo, segue engajada, ao lado de todos os setores produtivos, para melhorar o ambiente de negócios no país. Têm sido rotineiras medidas provisórias do governo alterando as regras do jogo e criando desconfortável insegurança jurídica. De outro lado, os incentivos pontuais e datados não geram otimismo  nem prazo suficiente para o empresário poder planejar e investir. A iniciativa privada, com foco na inovação, eficiência e produtividade, e o governo, com foco na realização de reformas estruturais e estabelecimento de regras claras para a economia, podem e devem promover os avanços capazes de resgatar a competitividade e um crescimento mais substantivo do PIB brasileiro! * Rafael Cervone é o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).



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