Após tragédia, Bangladesh aumenta salário mínimo e autoriza sindicalização
Em média, trabalhadores do setor têxtil recebem 38 dólares por mês; até papa Francisco fala em "trabalho escravo"
Escrito por: Opera Mundi • Publicado em: 15/05/2013 - 15:49 Escrito por: Opera Mundi Publicado em: 15/05/2013 - 15:49
O número de mortos no desabamento em Bangladesh em 24 de abril já ultrapassou 1.100. O governo, agora, após apelos da comunidade internacional e de protestos dos trabalhadores por melhores condições de trabalho, decidiu aumentar o salário mínimo para os funcionários da indústria têxtil. Além disso, foi feita a promessa nesta segunda-feira (13/04) da autorização para criação de sindicatos sem que necessite da autorização dos donos das fábricas.
As medidas prometem melhorar as condições de trabalho do setor, que é considerado o mais mal pago do mundo: em média, os trabalhadores ganham 38 dólares (cerca de 60 reais) por mês. "A lei foi aprovada pelo governo, agora será revisada pelo Ministério de Leis e depois terá que ser aprovada pelo Parlamento", disse Tareq Zahirul, porta-voz do Ministério de Têxteis.
Bangladesh vai reunir uma comissão de representantes das fábricas, líderes sindicais e governo para decidir as novas diretrizes do setor da indústria têxtil. Essa é uma promessa feita pela primeira-ministra do país, Sheikh Hasina, poucos dias após a tragédia.
Segundo Tarek Zahirul, “a comissão terá três meses para deliberar sobre estas condições, mas o aumento do salário mínimo entrará em vigor com efeito retroativo desde 1 de Maio”. De acordo com informações da Agência Efe, a última vez que os salários foram reajustado foi em 2010, quando o salário mínimo mensal era de US$ 21. Agora os trabalhadores pedem US$ 102 mensais.
A indústria têxtil é fundamental para a economia do Bangladesh, representando 78% das exportações. O setor dá trabalho a quatro milhões de pessoas e atrai grandes companhias do Ocidente por oferecer uma das mãos-de-obra mais baratas do planeta.
A comunidade internacional em diversas oportunidade já voltou seus olhares às péssimas condições de trabalho em Bangladesh. Há registro de vários protestos no mundo inteiro contra o trabalho escravo (ou praticamente escravo) que muitos trabalhadores são submetidos no país.
Até mesmo o papa Francisco qualificou no começo deste mês como "trabalho escravo" a situação dos operários têxteis que morreram no desabamento e disse em pronunciamento público que empresários que pagam salários injustos e buscam o lucro desenfreado vão "contra Deus".
As empresas estrangeiras como El Corte Inglês, Benetton, Primark, Bon Marche e Joe Fresh admitiram que produziam peças nas oficinas no prédio onde aconteceu o acidente.