O 3º Seminário Nacional da Campanha Salarial Articulada da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Vestuário (CNTV), que será realizado nos próximos dias 15 e 16, em Recife, acontece num momento histórico para o nosso país, para a classe trabalhadora e para os operários das Indústrias Têxtil, de Couro, Calçado e Vestuário.
Na disputa por um projeto nacional de desenvolvimento sustentável, inclusivo, com distribuição de renda e valorização do trabalho, é imprescindível garantir direitos e ampliar conquistas, para fazer a roda da economia girar baseada na pujança do nosso mercado interno, como bem demonstrou o governo Lula. Esta compreensão foi decisiva no enfrentamento ao importacionismo, que redundou na taxação dos sapatos chineses e na preservação de dezenas de milhares de empregos. Evidentemente, também precisamos estar atentos – e mobilizados – contra a política de juros altos, que impulsiona a entrada desenfreada de dólar para especulação, encarecendo as exportações e facilitando as importações, o que significa acabar com empregos no Brasil.
Para avançarmos, é fundamental a unidade, a organização e a mobilização dos trabalhadores e trabalhadoras do Ramo. Esta ação coordenada da CNTV, com a CUT e o conjunto do movimento sindical é essencial para pressionar o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, a fim de que entrem em sintonia com as aspirações do povo brasileiro por um país com trabalho decente, imperativo da justiça social. Não será comprimindo a massa salarial, fechando postos de trabalho, precarizando ou reduzindo direitos que seremos uma grande nação.
Daí a necessidade de nossas campanhas salariais darem visibilidade às demandas dos trabalhadores do Ramo e serem referência na luta por ganhos reais cada vez mais expressivos, pelo combate à terceirização, pela redução da jornada de trabalho para 40 horas sem redução de salário, por Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e avanços nas nossas convenções e acordos coletivos. É a identidade de classe nos enfrentamentos com o capital que constituirá o motor político e ideológico das nossas entidades e as tornará cada vez mais reconhecidas pelo conjunto da categoria, nos diferenciando das entidades de carimbo. O Primeiro de Maio da CUT por liberdade e autonomia sindical dialoga com este novo momento, aprofundando a nossa relação com a base, ampliando o nível de sindicalização, alavancando nossa representatividade.
Somos, conforme a Frente Parlamentar da Indústria Têxtil e de Confecções, recém-lançada no Congresso Nacional, um setor estratégico para o desenvolvimento nacional que, além de gerar muitos empregos, gera muitos impostos. A avaliação de deputados e senadores é que somente a indústria têxtil seja responsável por mais de um milhão e setecentos mil empregos diretos, espalhados por todo o país e que contribuem para a redução das desigualdades regionais.
Este crescente reconhecimento da importância do Ramo aumenta também a nossa responsabilidade diante de temas como a Reforma Tributária, colocada na ordem do dia para todos os que lutam pela justiça social no país. Ao lado da CUT, defendemos que a progressividade na cobrança dos impostos é o caminho da justiça tributária, pois desta forma quem recebe mais paga mais, ao contrário do que temos hoje, quando a taxação se faz sobre o consumo e não sobre o patrimônio e a renda. Ao mesmo tempo, em vez da cobrança sobre a folha de pagamento, propomos que os impostos sejam pagos sobre o faturamento, onerando menos quem emprega mais.
Também devemos fortalecer a mobilização junto ao governo federal em prol da criação do Ministério das Pequenas e Micro Empresas que, com a nossa atuação, poderá ser instrumento revigorante e eficaz no atendimento às reivindicações de um setor econômico mais próximo à realidade do trabalhador e, portanto, mais sujeito ao diálogo e a avanços.
A participação no nosso Seminário dos companheiros Vagner Freitas, secretário de Administração e Finanças, e Rosane Bertotti, secretária de Comunicação, demonstram a sintonia da CUT Nacional com este novo momento e o compromisso em combatermos juntos o bom combate.
Juntos, vamos transformar os desafios aqui colocados em construções coletivas, em investimentos em qualificação e requalificação profissional, em melhorias salariais e nas condições de trabalho. Esta é a razão da existência da CNTV.
Unidos, rumo à luta e à vitória!