O coordenador da Frente Brasil Popular, em São Paulo, Raimundo Bonfim, afirmou que as manifestações exigindo eleições diretas, a saída de Michel Temer (PMDB) da presidência da República e a manutenção dos direitos civis e trabalhistas, organizadas por movimentos sociais e centrais sindicais, vão incorporar a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o que Bonfim considera uma “evidente perseguição do poder Judiciário para inviabilizar a candidatura dele a presidente em 2018”. “Houve um golpe contra a presidenta Dilma (Rousseff), se prepara um contra os trabalhadores e a ação contra Lula é mais um capítulo”, afirmou.
A próxima manifestação organizada pelas frentes está marcada para domingo (18), às 14h, na Avenida Paulista. Outro ato ocorre amanhã, (16), às 17h, no mesmo local, organizado por grupos de periferia.
Para Bonfim, a denúncia dos procuradores da Operação Lava Jato, do Ministério Público Federal (MPF), sem apresentar provas contundentes do envolvimento de Lula, é “absurda e deve ser desmoralizada”. “Eu sou advogado. A gente aprende logo no começo da faculdade que denúncia tem de ter embasamento sólido, sobretudo provas materiais. É evidente a seletividade, porque há casos de contas no exterior (como do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ)) que ainda não houve denúncia”, ponderou.
O militante participou de um ato de desagravo ao ex-presidente, na região central de São Paulo, que ocorreu ao mesmo tempo em que Lula fez um pronunciamento sobre a denúncia contra ele, no início da tarde de hoje. Ao final do discurso, Lula desceu à entrada do hotel e agradeceu o apoio dos manifestantes, na companhia de parlamentares, militantes de movimentos sociais, sindicalistas e do prefeito da capital paulista, Fernando Haddad. Ele subiu em um banco e acenou aos simpatizantes que cantaram o tema de campanha "Lula lá, cresce a esperança".
Os manifestantes fecharam a Rua Martins Fontes, em frente ao hotel onde Lula falava. Emocionados e cantando temas de campanha do partido, os militantes acompanharam todo o discurso na rua, agitando bandeiras e tocando tambores.
A bióloga Roberta Rodrigues se disse indignada com a forma como Lula vem sendo atacado. “É uma vida de luta e o mandato dele na presidência mudou muita coisa no Brasil. Eu mesma não teria tido várias oportunidades na vida, assim como milhares de outras pessoas pobres, se o governo dele não tivesse ocorrido. Eu agradeço muito ao trabalho que Lula e a Dilma fizeram. Eles nos deram esperança. Os golpistas só pensam em dinheiro, não pensam no povo. E por isso querem derrubar ele”, afirmou.
Roberta não desconsidera que possa haver alguma irregularidade que envolva o ex-presidente, mas que essa é uma questão grave e que deve ser apurada com seriedade e não interesses políticos. “Eu não ponho minha mão no fogo por ninguém. Eu gosto muito do Lula e para mim ele é o maior líder do país. As pessoas podem errar, mas isso precisa ser provado. E não só ter convicção. O objetivo é acabar com a imagem dele, com os avanços sociais e com a esquerda”, disse.
Para o estudante Luiz Gustavo Dantas, está escancarado o antipetismo do MPF. Algo que já era, na opinião dele, evidente em parte da imprensa, do Judiciário e dos empresários. “Sem provas, prenderam (José) Dirceu. Sem provas, tiraram a Dilma da presidência. Sem provas denunciaram o Lula. O que incomoda é a possibilidade de ele ser candidato e vencer em 2018. Quando se conversa com o povo, eles reconhecem as conquistas sociais e econômicas do governo Lula, as mudanças feitas no Brasil”, afirmou. Para Dantas, o ataque a Lula deve fortalecer as mobilizações de rua.