Com objetivo de fortalecer a participação feminina nos espaços decisivos das entidades filiadas, a CNTRV iniciou em 2017, junto ao Solidarity Center da AFL-Cio, o Projeto “Formação e Organização de Mulheres do Ramo Vestuário da CUT. O primeiro encontro, realizado em Fortaleza (CE) em setembro passado, reuniu 38 dirigentes de diversos sindicatos filiados da região nordeste.
Nos dias 5 e 6 de abril, em Pouso Alegre (MG), ocorreu o encontro entre 27 sindicalistas das regiões sudeste e centro-oeste. O evento contou com análises das conjunturas nacional e internacional feitas pela economista e feminista Marilane Teixeira e pela representante da AFL-Cio no Brasil, Jana Silverman.
Márcia Viana, dirigente executiva da CNTRV e Secretária Estadual da Mulher Trabalhadora da CUT/SP, debateu, ao lado da assessora da Secretaria Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, Rita Pinheiro, sobre os desafios na superação do machismo pela sociedade brasileira e pelas instituições. “Apesar do ramo vestuário ser composto por maioria de mulheres em sua base, isso não se reflete de forma proporcional nos espaços diretivos de suas entidades. Nos últimos anos houve um grande avanço da representação feminina nos sindicatos filiados, mas é preciso progredir muito mais no que se refere ao compartilhamento dos espaços de poder. A consolidação da paridade nas entidades sindicais ainda é um grande desafio”, destacou Viana.
Márcio Faria, presidente do Sindicavespar, entidade que representa os trabalhadores(as) nas indústrias de calçados e vestuário de Pouso Alegre e região, ressaltou a importância em sediar o evento. “Ficamos bastante honrados com a escolha de Pouso Alegre para realização do encontro sudeste/centro-oeste do Projeto. Nosso sindicato tem um histórico de grande participação feminina em sua direção e isso faz toda a diferença na luta, organização e avanços da categoria. Parabenizamos a CNTRV pela iniciativa em realizar este importante debate envolvendo nossas lideranças feministas de todas as regiões do país”.
Resgate histórico
O Encontro contou com um resgaste histórico sobre a luta e a resistência das mulheres trabalhadoras. A participação feminina na Greve Geral de 1917 foi o ponto de partida para que as participantes debatessem a importância da organização e luta das mulheres por igualdade na vida e no trabalho. “Nossa luta não é de hoje. Sempre estivemos presentes nas conquistas mais importantes da classe trabalhadora do Brasil e do mundo”, destacou Trajano enquanto contava sua história de luta junto à consolidação do Ramo Vestuário da CUT.
“No chão da fábrica”
A programação do curso contou ainda com uma assembleia na empresa Gabriele Jean Von Karim, uma fábrica de confecções para redes de lojas que comercializam Moda Praia. Na oportunidade, as cursistas dialogaram sobre a reforma trabalhista de Michel Temer (MDB) e seus impactos, especialmente para as mulheres. “O fortalecimento da entidade sindical é a única arma contra a retirada de direitos promovida pela reforma”, apontou a presidenta da CNTRV em seu discurso às trabalhadoras da fábrica.
No dia 6, as cursistas residentes na cidade de São Paulo e região, retornaram de Pouso Alegre diretamente para a vigília realizada na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, em defesa de Lula e da democracia.