A imprensa internacional noticiou com espanto o que aconteceu na Câmara dos Deputados neste domingo à noite, quando foi aprovado o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O comportamento dos deputados foi um dos destaque. Os parlamentares conseguiram a aprovação com 367 votos favoráveis ao impeachment, na sessão presidida pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu no Supremo Tribunal Federal.
A rede de TV norte-americana “CNN” lembrou que os legisladores brasileiros gritaram, brigaram e até cantaram. “O deputado Paulinho da Força cantou: ‘Dilma, vá embora, porque o Brasil não quer você’, mas essa não foi a única canção da noite. Depois de Araújo dar o voto decisivo domingo à noite, os legisladores entraram em erupção com o canto popular no futebol: ‘Eu sou brasileiro, com muito orgulho, muito amor’”, diz o texto. A publicação ainda lembrou o clima divido nas ruas, enquanto defensores do governo vestiam vermelho, os apoiadores do impeachment usavam verde e amarelo.
O espanhol “El País” também se espantou com o jeito como a sessão foi conduzida. Numa das reportagens, o jornal chamou a votação de “circo” e, ainda, disse que para “um espectador acostumado às sessões francesas ou espanholas, por exemplo, é uma algazarra incompreensível”.
A publicação ainda destacou que os parlamentares esqueceram as “razões reais que estavam sob discussão” e votaram “pela minha esposa Paula”, “pela minha filha que vai nascer e pela minha sobrinha Helena”, “pelos militares (golpe) de 64”, “pelos evangélicos” e, até mesmo, “pelos vendedores de seguros no Brasil”. O título da reportagem menciona essa postura, e diz: “Deus enterra a presidente do Brasil”.
A rede britânica “BBC” questionou o que aconteceu de errado com a presidente Dilma que, há um ano e meio, foi eleita com 54 milhões de votos. “As coisas podem se mover muito rápido agora. No início de maio ela pode ser suspensa do cargo e, se o processo for julgado rapidamente, ela pode ser removida do poder permanentemente ainda este ano”, diz o texto.
A publicação também lembra que o Brasil passou por uma década de crescimento sólido e forte redistribuição de renda, e que Dilma é a herdeira política do presidente Lula. Os problemas do Brasil, explica a rede de TV, começaram em 2011 quando a China passou a desacelerar e as commodities brasileiras começaram a perder valor nos mercados internacionais. “A economia tem sido até agora a principal ameaça para a presidência de Dilma Rousseff - uma ironia para alguém que é uma economista apaixonada. (...) Tendo perdido a votação na Câmara, é pouco provável que ela seja capaz de parar o processo de impeachment”, completa o artigo.