A estudante de jornalismo Patrícia Lelis disse no boletim de ocorrência em que denunciou o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) por assédio sexual e tentativa de estupro que o deputado teria usado uma faca para forçá-la a fazer sexo. Segundo Patrícia, o crime aconteceu no apartamento funcional do deputado em Brasília, em 15 de junho. A jovem prestou depoimento durante ontem (5) no 3ª DP da capital, em Santa Efigênia, para o delegado Luiz Alberto Hellmeister. No mesmo dia e na mesma delegacia, o chefe de gabinete do deputado e pastor, Talma Bauer, foi detido sob suspeita de ter mantido a jovem em cárcere privado em um hotel da região central de São Paulo.
Segundo o delegado, Bauer teria coagido a jovem a gravar dois vídeos em que voltava atrás nas acusações contra o deputado, divulgados nas redes sociais nesta semana. Bauer foi solto na madrugada do sábado (6). Segundo depoimento de Patrícia, o assessor a ameaçou com uma arma e fez com que ela entrasse em seu carro e gravasse os vídeos. Há suspeita de que o chefe de gabinete tenha tentado subornar a jovem para que ela desistisse da queixa, segundo uma testemunha. Bauer teria vindo a São Paulo nesta semana para entregar a quantia – entre R$ 10 mil e R$ 15 mil, segundo o delegado, que não soube precisar o valor – para Patrícia. “A apuração é só com relação à intermediação de um possível acordo para que ela não continuasse delatando”, disse em entrevista ontem o delegado. Indagado quanto a medidas que está tomando, o delegado disse que “ao deputado federal eu vou só encaminhar, porque ele tem foro privilegiado. E precisa de autorização em Brasília, onde ocorreram os casos, para se instaurar qualquer procedimento contra o deputado”.
Hellmeister confirmou que no depoimento Patrícia disse que foi ameaçada pelo “chefe de gabinete ostentando uma arma na cintura, e dizendo que um mal maior poderia acontecer com ela, se não gravasse os vídeos”. “Eu tenho conhecimento de dois vídeos, seria feito um terceiro hoje”, disse ainda o delegado, que manifestou a intenção de prisão temporária dele: “Eu vou me fundar na coação e no sequestro qualificado dela. Tirou, arrebatou-a para evitar um problema maior para o patrão dele”.