Campanhas Salariais “pós-golpe” são mais duras

27/09/2016 - 11:23

Patrões se aproveitam da conjunta política para endurecer nas negociações.

As negociações salariais ocorridas “pós-golpe” têm alertado sindicalistas e trabalhadores sobre a estratégia adotada pela Fiesp e outras entidades patronais.  A ordem é endurecer para garantir o retrocesso. Um dos exemplos mais evidentes dessa estratégia é o dos bancários que enfrentam uma das mais longas greves da categoria. De norte a sul do país, os bancos estão fechados, mesmo assim os banqueiros seguem intransigentes.

 

No ramo vestuário não é diferente. As campanhas cujas negociações ocorreram após o Golpe Parlamentar enfrentaram uma postura ainda mais radical dos patrões que só melhoraram suas contrapropostas depois de mobilizações e ameaças de greve. Foi o caso do setor de curtumes. “Após muitas negociações e mobilização, veio a contraproposta de repor a inflação do período que é de 9,56%.  Embora a reposição integral da inflação seja uma vitória, os patrões impuseram o parcelamento do índice em 2 vezes, sendo 7,5% retroativos a agosto e 1,93% em janeiro de 2016. Um dos resultados positivos das negociações foi a reposição integral e imediata no piso salarial e na cesta básica”, relata José Carlos Guedes, presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria Coureira, Calçadista e Vestuarista do Brasil, Fetracovest.

 

Os trabalhadores calçadistas de São Paulo também enfrentaram muitas dificuldades na Campanha Salarial 2016. Guedes destaca que foram 2 meses de negociações que resultaram na reposição integral e imediata da inflação no piso salarial, que foi elevado para R$ 1.077,38, fato muito positivo diante de uma postura patronal totalmente endurecida.  Já nos demais salários, a reposição inflacionária de 9,49% ocorrerá em 2 vezes. “Os patrões levaram as negociações ao extremo e os trabalhadores acabaram aceitando o parcelamento da inflação nos salários acima do piso. Sair de uma campanha salarial de 2 meses sem retrocessos já uma grande vitória, contudo, lamentamos esta postura patronal que indica como serão as relações de trabalho em tempos de golpe”, avalia o sindicalista.

As negociações reivindicatórias dos setores de curtume e calçados integraram a Campanha Salarial Unificada da Confederação Nacional dos Trabalhadores/as do Ramo Vestuário da CUT, CNTRV.