"Queremos uma sociedade mais justa onde possamos construir uma nova relação de capital e trabalho porque a que temos hoje não nos interessa. O que construímos enquanto sonho numa Central de Trabalhadores é o fim da miséria e a concentração de renda na mão de uma minoria". Este foi o discurso de Ariovaldo de Camargo, secretário adjunto de Relações Internacionais da CUT que no evento representou a Central e também o Instituto Observatório Social, organizadores do evento, com o apoio da DGB Bildungswerk.
A abertura do Seminário Nacional: "Os Desafios da Ação Frente às Multinacionais na Atual Conjuntura" que acontece hoje, 14, no auditório Azul do Sindicato dos Bancários em São Paulo, contou também com representantes das Confederações do Vestuário, Químicos, Construção e Metalúrgicos, além do representante da Union Obrera Metalurgica da Argentina, Eduardo Paladin.
O debate central desta manhã ficou por conta da conjuntura política atual e os desafios para os trabalhadores diante dos diversos interesses econômicos em jogo, que podem afetar diretamente as políticas sociais e os direitos trabalhistas ameaçados pelos setores vinculados ao neoliberalismo.
Segundo a presidente da Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ), Lucineide Varjão, este ataque ao governo é uma retomada da agenda neoliberal com ataques aos direitos trabalhistas. "Um golpe contra o projeto político que mudou a realidade do Brasil fica cada vez mais claro", ressaltou. De acordo com ela, as multinacionais do ramo químico estão demitindo e muito: Basf, Brasken e muitas outras. "Só o ramo farmacêutico não está em crise, o restante sofre as conseqüência de toda esta crise. E no Congresso Nacional, por exemplo, projetos que pretendem generalizar a terceirização no mercado de trabalho; representantes da oposição sistematicamente defendem a redução do salário mínimo e a flexibilização das leis trabalhistas".
Cida Trajano, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo do Vestuário (CNTRV), relembrou no seu discurso as conquistas que um governo popular trouxe, desde 2002, para as crianças, idosos, trabalhadores, estudantes e tantas outras políticas sociais que alimentou o sonho do brasileiro. Qualidade de vida através do programa Minha Casa, Minha Vida, que deu a milhares de famílias a possibilidade da casa própria. O programa Bolsa Família, que incide diretamente nas futuras gerações de jovens. "Agora, após 12 anos de avanços, a população não pode ir contra suas próprias conquistas", ponderou. "Conquistas viabilizadas por um governo pautado na democracia e nas reivindicações populares".
Os fatos debatidos foram contextualizados por Hélio da Costa, pesquisador do Instituto Observatório Social (IOS), mestre em História Social pela Unicamp e doutorando em Sociologia do Trabalho pela USP. Ele fez uma análise sobre a história do Brasil, antes e depois de quase vinte anos de Ditadura Militar. O pesquisador deixou claro que o fato do país se deparar com a ameaça do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, não é outra coisa senão um golpe parlamentar, que enfraquece profundamente a democracia brasileira no seu fundamento básico, a soberania popular.
Para o historiador, o PMDB é um partido totalmente golpista. "O vice-presidente Michel Temer, assim como seu partido, se aliou ao PSDB no intento de derrubar sua colega de governo. Isso demonstra a importância de fortalecermos as instituições políticas através de partidos representativos, programáticos e politicamente comprometidos com a democracia", pondera Hélio. "Como se não bastasse os desafios de evitar os retrocessos nos direitos sociais e previdenciários dos trabalhadores, agora temos que garantir aquilo que foi conquistado pela democracia e que não pode nos ser retirado".