Em nova reportagem da série Vaza Jato, mensagens obtidas pelo site The Intercept Brasil e divulgadas na edição desta terça-feira (5) da Folha de S.Paulo revelam que os procuradores da Lava Jato esconderam informações de Rosa Weber, ministra do Supremo Tribunal Federal, ao pedir seu apoio num momento decisivo do cerco que realizavam para condenar e prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no início de 2016. A força-tarefa temia que Rosa aceitasse os argumentos da defesa do ex-presidente e barrasse suas pretensões políticas. Além disso, as mensagens obtidas revelam que grampos no telefones de Lula permitiram que os procuradores obtivessem informações sobre a movimentação dos seus advogados e se antecipassem a eles.
A questão estava na mesa da ministra porque ela fora sorteada para examinar uma ação que a defesa do ex-presidente movera para tentar suspender as investigações. Para os advogados de Lula, havia um conflito entre a força-tarefa de Curitiba e promotores de São Paulo que também o investigavam na época.
Os diálogos indicam que os integrantes da Lava Jato agiram assim por temer vazamentos de informações que poderiam “prejudicar as investigações”, que nessa época eram conduzidas sigilosamente pela força-tarefa à frente da operação em Curitiba e pela Polícia Federal.
A ação examinada por Rosa Weber em 2016 foi protocolada pela defesa do ex-presidente na tarde de 26 de fevereiro, uma sexta-feira. Pouco depois, a Polícia Federal interceptou duas ligações em que o advogado Roberto Teixeira, sócio do escritório que defende Lula, sugeriu o contato com a ministra.
Segundo as mensagens, os procuradores também evitaram fornecer ao gabinete do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a quem pediram que discutisse o assunto com Rosa, detalhes sobre o andamento do caso em Curitiba e as ações planejadas pela Lava Jato no cerco a Lula.
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