Jaú: Dieese apresenta pesquisa inédita sobre o setor calçadista

02/07/2018 - 09:55

Dados sobre empregabilidade, rendimento, entre outros, foram debatidos em reunião técnica

Como forma de subsidiar as reivindicações da categoria na Campanha Salarial 2018, o Sindicato dos Calçadistas de Jaú se filiou ao Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos, Dieese, que realizou uma reunião técnica em Jaú, nesta segunda-feira, 18, e apresentou um estudo sobre a realidade econômica do setor.

Victor Pagani, supervisor do escritório regional do Dieese SP, falou dos principais resultados da pesquisa que incluiu dados nacionais e informações específicas da cidade de Jaú, como empregabilidade, média salarial e desenvolvimento da indústria local.

 

Emprego

Segundo dados levantados pelo Dieese, em 2010 o número de trabalhadores calçadistas formais (registrados) era de 9.398. De 2014 em diante o número de empregados no setor caiu de forma bastante significativa, chegando a 4.482 em 2016.

Nos últimos 15 meses, o saldo de emprego na indústria calçadista de Jaú ficou positivo em 482 postos de trabalho, um aumento de 10% se comparado ao fechamento do ano de 2016. “Embora a recuperação dos empregos formais ainda esteja longe da realidade vivida em 2010, o crescimento recente nas vagas de trabalho é uma demonstração que a produção está crescendo”, destacou Pagani.


Crescimento do polo

O polo calçadista de Jaú é o terceiro no estado e representa 11,7% de todo o calçado produzido em São Paulo. Para 2018, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, Abicalçados, prevê um crescimento da produção em 3,5%  em todo o país.

As exportações do calçado jauense também vem crescendo. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) indicam que, no total das exportações oriundas do município de Jaú em 2017, os produtos relacionados ao setor calçadista tiveram participação de 14,1%. Em 2016, este número era de 11,3%.

 

Média salarial

Segundo levantamento do Dieese, a média salarial dos calçadistas de Jaú é de R$ 1.575,51, sendo que as mulheres têm remuneração muito inferior aos dos homens: R$ 1.405,59 contra R$ 1.740,78, ou seja, 19,3% a menos.  “Este dado demonstra o quanto o mercado de trabalho é discriminatório às mulheres. Embora nenhuma empresa possa pagar salários inferiores ao piso, os cargos com maior remuneração, são, na maioria das vezes, preenchidos por homens, o que eleva a média salarial masculina”, enfatizou Miro Jacintho, presidente do Sindicato. A categoria é composta por 49,3% de mulheres e 50,75% de homens.

 

Inflação

Para Victor Pagani, o cenário atual de inflação baixa não é positivo para a classe trabalhadora, já que é motivado por um período de recessão econômica. O economista analisa que, se um lado, o preço de alguns produtos sobe mais lentamente, por outro, os gastos dos trabalhadores com insumos que não podem ser substituídos, como energia elétrica, gás de cozinha e combustível, geram o sentimento popular de que os índices inflacionários não correspondem à realidade. A previsão do INPC/IBGE da inflação acumulada nos últimos 12 meses (até julho) é de 2,34%.

 

Campanha salarial

Para o presidente do Sindicato, os dados apresentados pelo Dieese subsidiam as reivindicações dos trabalhadores. “Por meio de dados concretos, concluímos que apesar da choradeira dos patrões, as reivindicações da categoria são justas e possíveis de serem atendidas”, ressaltou Miro Jacintho.

No início do mês de junho, o sindicato protocolou a pauta de reivindicações e aguarda a realização da primeira rodada de negociação com o Sindicato patronal.