São Paulo - Uma reunião realizada nos dias 12 e 13 de dezembro, deu início a um projeto que pretende impactar ações para a promoção da igualdade de gênero entre trabalhadoras e trabalhadores do setor vestuário do Brasil. Seu método consiste na capacitação de lideranças e implementação de um diálogo permanente nos locais de trabalho para despertar a consciência e o ativismo em busca da justiça de gênero.
A iniciativa é inédita no Brasil e pretende gerar impacto em cerca de 450 mil trabalhadoes/as em todo país. A realização é do Solidarity Center, entidade ligada à AFL-Cio, maior central sindical norte-americana, e tem como parceiros a CNTRV e o Instituto Observatório Social.
APOIO INOVADOR
O projeto tem o apoio do Instituto C&A, uma organização empresarial global que trabalha em parceria com organizações sociais, marcas, varejistas e fabricantes, governos e associações de agricultores e trabalhadores. É a primeira vez que o Instituto realiza parceria com uma entidade sindical brasileira.
“Nos sentimos honrados em poder desenvolver esse projeto junto à AFL-Cio, ao Instituto C&A e Observatório Social. As expectativas são as melhores possíveis já que 9 entidades filiadas à CNTRV abraçaram o projeto e assumiram o compromisso de envolver de forma direta e indireta milhares de trabalhadoras e trabalhadores. Nosso objetivo será promover a igualdade de gênero e fortalecer a ação sindical por direitos humanos e trabalhistas das mulheres do setor vestuário de todo país”, destacou Cida Trajano, presidenta da CNTRV.
O PROJETO
A frase “Promover os Direitos Humanos e Fortalecer a Ação Sindical e a Igualdade de Gênero no Setor Vestuário do Brasil” dá nome ao projeto e traduz seus objetivos centrais. Com duração de 1 ano, ele prevê atividades formativas e ações específicas nos locais de trabalho envolvendo dirigentes sindicais e trabalhadoras/es nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Ceará e Bahia. As atividades práticas terão início ainda no primeiro trimestre de 2019.
Para Jana Silverman, diretora de programas para o Brasil e Paraguai do Solidarity Center, a expectativa é de bons resultados. “Estamos iniciando o projeto num momento muito propício em que os sindicatos precisam se aproximar mais das bases e ter um olhar diferenciado para as mulheres e para os jovens. O projeto pretende ajudar nesse processo e esperamos que ele possibilite um diálogo mais aprofundado entre empresas e sindicatos sobre temas específicos como violência de gênero no trabalho”, explica Jana que destacou ainda a importância do apoio do Instituto C&A.
“Desde já agradecemos a parceria e a confiança do Instituto C&A em querer trabalhar conosco e investir num projeto tão inovador com o movimento sindical. Temos total confiança que tanto as direções sindicais envolvidas quanto as ativistas nos locais de trabalho farão com que esse esforço gere bons resultados”, prevê.
OUTRAS PARCERIAS
Para o desenvolvimento do projeto, O Solidarity Center e a CNTRV contam também com a parceria dos Sindicatos de Trabalhadores em Indústrias do Vestuário de Sorocaba (SP), Pouso Alegre (MG), Colatina (ES), Santa Cruz (RS); Calçadistas de Venâncio Aires (RS), Ipirá (BA), Fortaleza (CE); Têxteis de Fortaleza (CE); e Unificados de São Paulo. “Agradecemos as entidades filiadas que aceitaram o desafio de participar desse projeto. Temos certeza que cada companheira envolvida não medirá esforços para implementar todas as ações propostas em seu programa. Estamos diante de uma grande oportunidade para avançar um pouco mais em nossa luta por igualdade de oportunidades entre homens e mulheres na vida e no trabalho”, frisou Trajano.
NEGOCIAÇÃO COLETIVA
Com objetivo de gerar argumentos para negociações específicas sobre igualdade de gênero, o Instituto Observatório Social realizará uma pesquisa junto aos participantes do projeto nos locais de trabalho. “Um dos principais resultados deve ser a identificação de pautas comuns que podem ser inseridas em nossas campanhas reivindicatórias unificadas. Os acordos e convenções coletivas são instrumentos importantes para garantir igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres”, afirmou Maria Regina Lessa, Secretaria Nacional da Mulher Trabalhadora da CNTRV.
Primeiras ações devem ocorrer já no primeiro trimestre de 2019.