Livro traz reflexão sobre os dez anos de governo pós neoliberais no Brasil

15/05/2013 - 17:00

Lançamento em São Paulo contou com a presença do ex-presidente

 

A editora Boitempo e a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais sede Brasil (Flacso Brasil) realizaram na segunda (13), às 19 horas, o debate de lançamento do livro 10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma. O evento contou com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da filósofa Marilena Chaui, do economista Marcio Pochmann e do sociólogo e organizador da publicação Emir Sader.

O livro oferece uma reflexão sobre os rumos da política brasileira na última década e mostra o panorama dos desafios enfrentados pelo país. A obra reúne 21 artigos de alguns dos principais intelectuais engajados na política brasileira dos últimos anos como Marilena Chauí, Marco Aurélio Garcia, Marcio Pochmann, Luiz Gonzaga Belluzzo, José Luis Fiori, Luis Pinguelli Rosa e Paulo Vannuchi. 
 

Os textos discorrem sobre a implementação das políticas sociais – o cerne dos governos Lula e Dilma –, seus enfoques setoriais obrigatoriamente desiguais, seus sucessos e obstáculos até hoje ainda não superados. Além do amplo espectro de reflexões, o livro conta com uma entrevista inédita com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, realizada em fevereiro de 2013, na qual ele avalia a experiência de governo e faz um balanço das suas realizações e do que não foi possível fazer durante seus dois mandatos. “A intuição e o pragmatismo de Lula serviram de bússola nesse caminho, com situações às vezes surpreendentes e inesperadas, mas que fizeram com que se concluísse esse período com um balanço claramente positivo”, afirma Emir Sader.

O livro é considerado por Sader um instrumento de atualização da prática política e de reflexão necessária para a superação definitiva do neoliberalismo no Brasil. A rubrica “pós-neoliberal” visa dar conta da totalidade das políticas antineoliberais que emergiram no marco das grandes recessões que abalaram a América Latina no final do século 20. A perspectiva essencial é de que o esgotamento do modelo neoliberal não foi sucedido por um modelo alternativo que pudesse substituí-lo em escala global. “Vivemos e seguiremos vivendo ainda por um tempo prolongado um período turbulento, nos planos geopolítico e econômico-financeiro, de disputa hegemônica, em que um mundo velho insiste em sobreviver e um mundo novo encontra dificuldades para se afirmar”, avalia Sader no ensaio “A constituição da hegemonia pós-neoliberal”.

A década que teve fim em 2002 combinou várias formas de retrocesso. Entre elas, a prioridade do ajuste fiscal, as correspondentes quebras da economia e as cartas de intenção do FMI, que desembocaram na profunda e prolongada recessão que o governo Lula herdou. Os caminhos pelos quais os governos Lula e Dilma trilharam e ainda trilham para enfrentar essa herança foram mais complexos e conflituosos do que se poderia esperar. No entanto, Maria Inês Nassif afirma no texto de orelha que, na última década, o Brasil percorreu tão rapidamente caminhos desconhecidos em sua história que ainda não se deu conta de que uma nova geração já perdeu a referência do passado. “O debate é fundamental para o futuro”, assinala. Para Nassif e Sader, o livro é uma proposta para o aprofundamento das discussões sobre os governos Lula e Dilma pela óptica progressista e pela perspectiva da continuidade. “São 10 anos que servem de pano de fundo para se pensar sobre a herança recebida, as transformações logradas e aquelas não realizadas, com suas razões e consequências, e as projeções do futuro brasileiro”, conclui Sader.

Durante lançamento do livro "10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma", o ex-presidente destacou que o grande legado que deixou foi mostrar que "era possível governar de forma republicana sem odiar aqueles que me odiavam".