São Paulo – As mulheres foram muito prejudicadas pela crise sanitária, econômica e política do Brasil e o 8 de Março, o Dia Internacional da Mulher, tem uma pauta central: a retomada do auxílio emergencial de R$ 600. Na linha de frente dos lares e profissões de risco, elas reivindicam uma fonte de renda para sobreviver durante a pandemia de covid-19.
Neiva Ribeiro, secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, afirma que, durante a pandemia e o isolamento social, as mulheres enfrentam um aumento da jornada de trabalho, da violência doméstica e da dependência econômica das famílias, tornando-se ainda mais as chefes de suas casas.
“Um ano depois do início da pandemia, nós, mulheres, manifestaremos nossa luta para cobrar o auxílio emergencial. O dinheiro que garantia que muitas mulheres sustentassem suas famílias, através dos R$ 600, o governo Bolsonaro quer transformar em R$ 250. O 8 de Março mostrará que queremos vacinas para garantir a vida das mulheres, somado ao auxílio para sobrevivermos”, afirmou, neste domingo (7), em entrevista aos jornalistas Cosmo Silva e Maria Cruz Tereza, no Brasil TVT, da TVT.
O Índice de Desenvolvimento de Gênero (IDG), divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em 2019, mostra que as mulheres no Brasil estudam mais, porém, possuem renda 41,5% menor que os homens. De acordo com Neiva, as mulheres estão na liderança em diversas linhas de frente durante a pandemia e a desvalorização do trabalho feminino está mais latente.
“As mulheres estão na linha de frente dos ofícios mais penosos, seja na enfermaria, nas escolas ou como domésticas, e ainda recebem os menores salários. Além disso, nós trabalhamos mais horas que os homens, pois fazemos todas as atividades domésticas. Com o isolamento, as mulheres estão enfrentando mais problemas emocionais e ainda convivemos com a violência doméstica. Então, por todos os aspectos, o machismo está presente”, lamentou.
No último dia 1º, movimentos populares e entidades da sociedade civil divulgaram um manifesto que reúne as principais bandeiras de luta do Dia Internacional da Mulher em 2021. O texto inclui pautas econômicas, como a revogação da Emenda Constitucional 95 (do “teto de gastos”), a retomada do auxílio emergencial com valor de R$ 600 até o fim da pandemia e a derrubada dos vetos ao Projeto de Lei (PL) 735 e crédito emergencial para a agricultura familiar.
Para a sindicalista, a luta sempre esteve presente na vida das mulheres e assim seguirá nos próximos anos. “Ao longo da história, as mulheres lutaram por uma mudança de vida, por igualdade e equidade, que ainda não chegou. Tivemos muitos avanços, rompemos várias barreiras, mas ainda precisamos mudar muita coisa. O Brasil, por exemplo, ainda é um dos países com menos parlamentares no país e ainda temos mulheres ganhando menos que os homens. Tudo isso em pleno 2021. Ainda teremos muitos 8 de Março pela frente”, concluiu.