Muitas homenagens, reencontros, emoção. Mas o sentimento que predominou na cerimônia de abertura das comemorações dos 30 anos da CUT foi, sem dúvida, o orgulho de fazer parte dessa história.
O evento, realizado na manhã desta quarta-feira, 27 de fevereiro, na capital paulista, reuniu a atual direção nacional, ex-dirigentes, militantes históricos e muitos parceiros de luta da CUT nestas três décadas. O ponto alto foi o tão esperado discurso do ex-presidente Lula, que além de fundador da CUT, integrou a Comissão Pró- CUT, criada em 1981 como resolução da Primeira Conferência da Classe Trabalhadora (CONCLAT).
Lula enfatizou que o papel histórico da Central nestes 30 anos não se restringe às conquistas materiais dos trabalhadores, mas pelo alto grau de conscientização política que ela imprimiu à classe trabalhadora brasileira. “Não é pouca coisa uma central sindical comemorar 30 anos neste país. É muito nova a nossa democracia. Nós fomos construindo a CUT com gestos, ações e quase sempre sem pedir licença, arrancando pedacinho por pedacinho”, disse.
Também abordou a chamada “radicalidade” da CUT na década de 80. Para Lula, era necessário ser radical naquele momento: “tínhamos que falar grosso até demais para que as pessoas nos deixassem subir o degrau”, comentou. “Hoje nós estamos no degrau de cima, e gostamos de estar aqui, e queremos que todos os trabalhadores subam para este degrau também”.
Novo Brasil
Otimista com o balanço de dez anos do PT no governo, Lula disse que os empregos e a massa salarial vão continuar a crescer. Lembrando que em 2002 os trabalhadores enfrentavam taxas de desemprego em torno de 12%, o ex-presidente comemora: “hoje é de 4,5% e eu sinto muito orgulho de saber que este país mudou. Mas há muito por fazer, um país que passou 500 anos sufocando os pobres não vai mudar assim tão rápido“.
A poderosa arma da imprensa sindical
O ex-presidente aproveitou para provocar os dirigentes que ficam reclamando que a grande imprensa e a mídia em geral não dão espaço para as pautas dos trabalhadores. Ele lembrou que os chamados “formadores de opinião” do Brasil eram, “ inicialmente”, contra as Eleições Diretas, contra o impeachment de Collor e afirmou que o movimento sindical tem hoje capacidade para vencer o bloqueio da mídia conservadora. “Essa gente não gosta de gente progressista. A verdade é que temos uma arma poderosa que está totalmente desarticulada. Por que a gente não começa a organizar a nossa mídia, tenta organizar um pensamento mais coletivo, mais unitário? O movimento dos trabalhadores vai precisar disso”, apontou Lula.
Concluindo seu discurso, o ex-presidente destacou a necessidade dos dirigentes conhecerem os vários “Brasis” que existem e investirem na inovação de pensamentos, na inovação da construção de pautas de reivindicações. “O economicismo é bom, mas não é tudo. A CUT não nasceu para ficar dentro de um prédio. A direção tem que viajar, conhecer as diferentes realidades deste país, botar o pé na estrada, com certeza virão novas lutas, haverá menos brigas internas. Nós que gostamos da CUT é que temos que valorizá-la. Hoje o Brasil não saberia viver sem a CUT”, finalizou Lula, sob aplausos entusiasmados.
CNTV CUT presente
"Esse espírito de combate, coragem, ousadia, uma marca destes 30 anos da CUT, é o que nos move e incentiva a enfrentar os novos desafios e lutar para que este novo projeto de país continue. As trabalhadoras e trabalhadores do ramo do vestuário fazem parte dessaa linda história, que tanto nos orgulha. Parabéns CUT, parabéns trabalhadores e trabalhadoras do Brasil", comentou a presidente da CNTV-CUT, Cida Trajano, que prestigiou a cerimônia, representando o ramo.