A direção do Sindicato dos Trabalhadores em Confecções do ABC está percorrendo as principais fábricas da região para dialogar, especialmente com as trabalhadoras, sobre os impactos do governo golpista de Michel Temer (MDB) na vida e no trabalho das mulheres. A ação integra a Jornada de Luta das Mulheres em Defesa da Democracia e dos Direitos, organizada pela Secretaria Estadual da Mulher Trabalhadora da CUT/SP, em conjunto com a CUT Nacional. “Queremos conversar com um grande número de mulheres sobre o que significa a retirada de direitos para a vida e para o trabalho da população feminina”, explicou Cidinha Ferreira, presidente do Sindicato.
As assembleias estão sendo realizadas desde o lançamento da Jornada, em 24 de fevereiro, e busca dialogar com as trabalhadoras sobre as mudanças nas relações de trabalho possibilitadas pela reforma trabalhista e o quanto elas são prejudiciais para as mulheres. “A grande maioria das trabalhadoras em confecções enfrenta a dupla jornada, na fábrica e em casa. Com a reforma trabalhista, que possibilita o aumento da jornada de trabalho, esta realidade pode piorar ainda mais, sem contar o fato da mulher grávida ou lactante poder permanecer em locais insalubres”, argumenta Cidinha.
A sindicalista destaca também os impactos do congelamento dos gastos públicos pelos próximos 20 anos nas áreas de segurança, saúde e educação. “Já estamos sofrendo as consequências da diminuição da verba na segurança pública e isso tem reflexo nas Delegacias das Mulheres. Por essa razão, as medidas preventivas, bem como a punição dos agressores, também foram prejudicadas. As filas nas unidades de saúde são cada vez maiores e faltam medicamentos de alto custo. As vagas nas creches públicas estão ainda mais limitadas e as verbas destinadas aos programas sociais que contribuem para a autonomia financeira das mulheres como o Minha Casa, Minha Vida e o Proune, por exemplo, estão extremamente escassas”, concluiu.
Segundo a direção do Sindicato, a ameaça à aposentadoria é outro assunto que está sendo bastante discutido nas assembleias. A Central Única dos Trabalhadores mantém suas bases mobilizadas pois, embora suspensa, a reforma da Previdência não está extinta. “Muitas trabalhadoras não têm conhecimento do quanto as propostas de mudança da Previdência são prejudiciais às mulheres e ficam surpresas quando entendem que o direito à aposentadoria está correndo sérios riscos”.
Fortalecimento do Sindicato
As atividades buscam ainda fortalecer a entidade sindical como forma de combater a reforma trabalhista na prática, defender os direitos e a democracia. Neste sentido, além de levar informações e debater a atual conjuntura, as assembleias também deliberam ações que buscam tornar o Sindicato ainda mais forte diante dos ataques dos governos e dos patrões.
Defesa da democracia
Outro assunto tratado nas assembleias se refere às ameaças à democracia e à Constituição Federal. “Buscamos explicar para as trabalhadoras e trabalhadores o quanto é perigoso o fato do judiciário condenar um ex-presidente da república sem haver provas de que o mesmo tenha cometido o crime sobre o qual está sendo julgado. Se nossa Constituição não vale nada para Lula, imagina para a população trabalhadora”, questiona a presidenta do Sindicato.