O jornal "A Opinião", de Sapiranga, no Rio Grande do Sul, trouxe em sua edição de 14 de fevereiro passado o alerta sobre a grande perda de empregos devido a fechamento de empresas na cidade nos últimos dois anos. Para elaborar a reportagem, o jornal ouviu políticos e sindicalistas, entre os quais o vice-presidente da CNTV-CUT, João Batista Xavier, que é presidente da Federação Democrática dos Trabalhadores na Indústria de Calçado do Rio Grande do Sul, e Júlio Cavalheiro Neto, presidente do Sindicato dos Sapateiros de Sapiranga e Região.
"Com o fechamento de quatro fábricas de calçado de 2012 a 2014 mais de 2,5 mil calçadistas perderam seus empregos. Após encerrar o ano de 2013 com um saldo negativo e com a redução de 495 postos de trabalho, Sapiranga ocupa a preocupante 51ª posição entre os municípios gaúchos com o pior desempenho na geração de empregos", informa a reportagem, elencando as fábricas fechadas:
Calçados Daiby: fechamento em abril de 2013 com demissão de 480 trabalhadores.
Calçados Ramarim: Em julho de 2013 demite 480 trabalhadores diretos e ocorreram mais 600 demissões indiretas devido ao fechamento de 16 atelies que prestavam serviços à empresa.
Calçados Maruá: Em 2012 encerrou suas atividades com 500 demissões.
Acrescenta-se a essas o fechamento de um atelie que prestava serviços a empresas chinesas, contabilizando 60 demissões.
Na avaliação do vice-presidente da CNTV, João Batista, essa situação deve-se a fatores como o despreparo das empresas diante do aumento do consumo interno a partir de 2005, a guerra fiscal que atrai empresas para outros estados devido aos incentivos fiscais e mão de obra mais barata, o descaso do governo municipal com a situação e a falta de responsabilidade social das empresas.
"Hoje o empresário pega o incentivo governamental e não dá em contrapartida sequer a manutenção dos postos de trabalho. E muito simples dizer que temos crise, mas a Couromodas deste ano foi melhor em vendas do que o ano passado. Também muitas empresas pegavam grandes incentivos e hoje trasnferiram toda a sua produção para o exterior", afirmou o dirigente à reportagem do jornal.
João adiantou ainda que a Federação organizará em maio próximo um seminário para discutir a situação do setor calçadista e alternativas, e também formas de pressionar os governos em todos os níveis: municipal, estadual e federal.