Gigante do varejo norte-americano é alvo de campanha global contra calote de verbas rescisórias na Guatemala

10/01/2023 - 15:30

A JNB Global produz roupas para a Target, segunda maior rede de lojas varejistas dos Estados Unidos

Ficando atrás apenas do Walmart, a gigante varejista Target Corporation é uma empresa de capital aberto que emprega, segundo dados de seu site oficial, mais de 400 mil trabalhadores nos Estados Unidos, país onde conta com lojas em todos os 50 estados e no Distrito de Colúmbia.

Apesar do seu evidente poder econômico, de acordo com uma denúncia feita pelo sindicato norte-americano Target Workers Unite (TWU), a empresa se nega em pagar 58 mil dólares (cerca de R$ 303 mil reais) para um grupo de trabalhadores guatemalenses, negando assim sua responsabilidade sobre o descumprimento da legislação trabalhista local por parte de uma de suas fabricantes, a JNB Global.

Trabalhadores contam que a JNB tentou obriga-los a assinarem um contrato cuja data de admissão estava alterada, não reconhecendo o tempo de serviço de cada um.  Ao questionarem a empresa, sete trabalhadores foram demitidos e lutam há meses para receber as verbas rescisórias.

“Fui demitido injustamente da JNB Global porque não assinei um novo contrato de trabalho que eliminasse meus anos de serviço na fábrica. Peço à Target que pague a indenização que me é devida. Isso é o que é justo”, detalha um ex-funcionário.

Um comunicado pubicado no site oficial do Target Workes Unite afirma que a empresa insiste em dizer  que o problema já foi resolvido, porém uma investigação revelou que menos de 4 mil dólares foram pagos até agora.

A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Vestuário da CUT, Cida Trajano, alerta para o fato de que “grandes empresas do varejo precisam se responsabilizar por sua cadeia produtiva, seja ela direta ou indireta, estando dentro ou fora de seu país de origem”.

“No Brasil, temos casos relacionados às condições análogas à escravidão envolvendo marcas globais do varejo. Se as roupas vendidas na Target são feitas sob a violação de direitos trabalhistas, é obvio que ela precisa assumir a responsabilidade. O mundo fala muito em sutentabilidade, mas se esquece que o trabalho digno é um dos pilares de um modelo sustentável de desenvolvimento e consumo consciente”, avalia a sindicalista.

 

Confira Nota Oficial da CNTRV sobre o assunto:

A Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Vestuário da CUT, CNTRV, representa carca de 480 mil trabalhadores dos setores têxtil, de confecções, fabricação de calçados, tratamento e manufatura de produtos de couro. Com 63 sindicatos filiados e atuação em todas as regiões do Brasil, somos uma das mais importantes organizações trabalhistas do país e, como tal, temos a responsabiliade de atuar de forma atenta às transformações no mundo do trabalho e seus impactos na vida dos trabalhadores e trabalhadoras, em especial em países cujas características econômicas e políticas impõem sérios desafios às relações de trabalho.

Tais caracteristicas nos legitima a repudiar a maneira com que a Target, uma das maiores redes varejisas do mundo, está tratando 7 trabalhadores da Guatemala demitidos pela JNB Global, empresa que fabrica roupas vendidas nas lojas Target nos Estados Unidos.

Esses trabalhadores são vítimas de um calote sobre verbras rescisórias e cobram da Target o pagamento de 58 mil dólares, o que certamente é uma cifra irrisória para uma empresa com tamanho poder econômico, ao mesmo tempo em que é um recurso vital para quem perdeu seu emprego de forma injusta num país que, assim como os demais da região, enfrenta muitos desafios econômicos.

Para a CNTRV, além de garantir os direitos desses trabalhadores, o ressarcimento das verbas rescisórias pela Target simboliza sua responsabilidade social e respeito aos consumidores, que, provavelmente, não gostariam de usar roupas confeccionadas sob violações trabalhistas.

Esperamos que a Target, assim como outras grandes empresas do varejo, se responsabilize por seus produtos desde a origem e tomem medidas cada vez mais profundas para garantir que nenhum direito, de nenhum trabalhador, em qualquer parte do mundo, seja violado em seu benefício.

 

São Paulo, 10 de janeiro de 2023

Cida Trajano – Presidenta

 

Saiba como participar da Campanha: