Greve vitoriosa marca 80 anos do Sindicato dos Têxteis de Juiz de Fora/MG

18/10/2012 - 13:43

Com o reajuste do piso a campanha salarial alcança seu principal propósito: a superação do salário mínimo

 

No dia 19 de setembro passado, a categoria têxtil de Juiz de Fora, Minas Gerais, ousou deflagrar a primeira greve em 22 anos. Com manifestações nas portas de fábricas, passeatas pelo centro da cidade, vigílias no Ministério Público e assembleias lotadas, os patrões foram forçados a reconhecer nossos direitos. Para o Sintex, não poderia haver melhor forma de comemorar seus 80 anos de luta.

Há mais de uma década os reajustes anuais impostos pelos patrões eram inferiores ao salário mínimo de 1º de janeiro subsequente. Exemplo foi 2011, quando o piso da categoria ficou definido em cerca de R$ 600,00. Esse rebaixamento forçou um acréscimo em janeiro para equipará-lo ao mínimo de R$ 622,00 determinado pelo governo.

Nesse ano os patrões propuseram um reajuste para R$ 660,00, sendo que a previsão do salário mínimo para 2013 está na casa dos R$ 671,00. Ou seja, queriam nos manter abaixo do mínimo!

Consciente de que uma categoria composta por profissionais capacitados não pode ficar restrita ao salário mínimo e indignado com o descaso dos patrões, que se negavam a comparecer nas negociações, o SINTEX iniciou uma campanha salarial diferente.

Contando com o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT), as trabalhadoras e trabalhadores foram convocadas a se mobilizarem para mostrar sua força e dizer que não aceitam mais receber salário mínimo.

Mesmo antes da greve, a mobilização foi impondo recuos aos sindicatos patronais. Sob pressão, eles foram levados a propor R$ 675,00 de piso e algumas fábricas começaram a promover antecipações. Junto a isso, disseminaram mentiras sobre o sindicato e os direitos da categoria, tudo para evitar a luta.

Os trabalhadores e trabalhadoras, porém, não se deixaram levar pelas falsas propostas e ameaças e realizaram um movimento vitorioso. Ao final, arrancamos um acordo histórico que ainda não chegou ao que desejamos, mas é uma vitória que tirou a categoria do salário mínimo, consolidou conquistas e nos devolveu o respeito e a dignidade.

AS CONQUISTAS DA GREVE

AVALIAÇÃO DAS CONQUISTAS

Com o reajuste do piso a campanha salarial alcança seu principal propósito: a “superação do salário mínimo”. O valor representa um aumento de 12,5%. Somado ao tíquete alimentação, o ganho da categoria passa a ser de mais de 21%. Em Juiz de Fora, nenhuma campanha salarial alcançou este índice. De acordo com dados da FIEMG, o nosso piso passa a ser o maior do estado de Minas Gerais.

Os avanços alcançados são inegáveis, mas a categoria quer e merece muito mais. Por exemplo, R$ 66,00 de tíquete alimentação ainda é pouco, mas é um passo importante, uma vez que nos permite nas próximas campanhas salariais aumentar seu valor.

Muitas vezes esse benefício virava “premio” para poucos e os patrões podiam ameaçar cortá-lo a qualquer momento. Após a greve tíquete virou um direito para toda a categoria, que pode e deve ser melhorado e aumentado nas próximas campanhas salariais.

Para além das conquistas financeiras, a categoria sai dessa campanha salarial de cabeça erguida, consciente de sua importância e de que os patrões nos devem respeito.

Estas vitórias podem ser sucedidas por outras maiores nos próximos anos, se aqueles que não vieram para a greve nesse ano se convencerem que só a luta transforma a vida. Iniciamos uma nova etapa da história dos trabalhadores têxteis de Juiz de Fora.

Com informações do Sintex - Juiz de Fora