Em pleno século XXI, com inovações tecnológicas que transpõem barreiras e facilitam a vida da população, ainda somos surpreendidos com notícias de situações desumanas de trabalho, que afrontam a dignidade humana e que lembram o período medieval da história. Em vários setores da economia, trabalhadores e trabalhadoras são submetidos a condições degradantes para desempenhar suas funções, o que mostra a face mais perversa da lógica empresarial do lucro a qualquer preço.
Mesmo com todo o esforço das entidades sindicais, ainda constatamos que no ramo industrial brasileiro há trabalho análogo à escravidão em setores como o do vestuário e da construção civil. Se esta é a situação extrema do aviltamento das relações capital-trabalho, nestes e nos segmentos de alimentação, químico e metalúrgico há condições cotidianas inadmissíveis para o mundo atual, como o risco constante de acidentes (até mesmo fatais) e de doenças profissionais.
Junto com esses riscos, outros fatores também contribuem para degradar as condições de trabalho, como a rotatividade da mão de obra e a terceirização. Estes dois expedientes são largamente utilizados pelas empresas para pagar salários inferiores e para tentar evitar a organização sindical no local de trabalho.
Por isso, as entidades nacionais dos trabalhadores da CUT do ramo industrial estão à frente, no Brasil, da Campanha Mundial de Combate ao Trabalho Precário, deflagrada pela IndustriALL Global Union, organização internacional que representa diversas categorias profissionais.
Esta Campanha ganha importância ainda maior no momento atual, quando a classe trabalhadora brasileira se depara com o desafio de barrar a tramitação do projeto de lei 4.330 na Câmara dos Deputados.
O PL permite a terceirização em qualquer setor de uma empresa e, se aprovado, pode representar até mesmo o fim das categorias profissionais e, por consequência, de todas as suas conquistas, como salário, jornada e benefícios sociais. Ou seja, vai consolidar a precarização no trabalho em nosso país e intensificar as práticas antissindicais do empresariado.
Ao assumirem a Campanha da IndustriALL, as confederações cutistas convocam os (as) trabalhadores (as) da alimentação, do vestuário, da construção civil, metalúrgicos e químicos a se unirem aos trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo em 7 de outubro, no Dia Mundial de Combate ao Trabalho Precário.
Nessa data, vamos mostrar que não admitiremos que a classe trabalhadora seja submetida à degradação em seu cotidiano na fábrica e vamos dar continuidade à luta por nossos direitos, por emprego decente e justiça para os verdadeiros responsáveis pelo desenvolvimento econômico, aqui ou em qualquer outra parte do mundo.
CNTV – Confederação Nacional dos Trabalhadores do Vestuário da CUT
CNQ – Confederação Nacional do Ramo Químico da CUT
CNM – Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT
CONTAC – Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação, Agroindústria, Cooperativas de Cereais e Assalariados Rurais da CUT
CONTICOM – Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira da CUT