Na madrugada desta terça-feira, 17, um incêndio destruiu 90% da fábrica de calçados Beira Rio, instalada no município gaúcho de Mato Leitão, distante cerca de 135 quilômetros de Porto Alegre. Ninguém se feriu, mas os impactos sociais serão tremendos, de acordo com informações do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Calçado e Vestuário de Venâncio Aires e Mato Leitão. Apenas o depósito com a produção não distribuída restou intacto.
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A entidade tentou, sem sucesso, contato com os representantes da empresa que optou por ignorar a organização dos trabalhadores invés de buscar solução conjunta com o Sindicato. “Insistimos no contato com a empresa para tentar negociar questões referentes aos impactos do incêndio para os trabalhadores, mas a empresa não respondeu a nenhum dos nossos contatos”, conta João Emerson Dutra de Campos, presidente do Sindicato.
Demissão em massa
Nesta quarta-feira, a empresa, que contava com cerca de 850 trabalhadores diretos, emitiu Aviso Prévio indenizado para cerca de 700 empregados. Os demais foram realocados. “É uma situação de desespero para muitas famílias. O município de Mato Leitão tem menos de 5 mil habitantes e uma demissão em massa como esta terá impacto em toda a economia local. Muitos desses trabalhadores e trabalhadoras sequer terão direito ao Seguro-desemprego”, lamenta João Emerson.
Incêndio está sendo investigado
Segundo o Sindicato, há suspeita de que o incêndio foi provocado por um curto circuito e o fogo teria sido alastrado por um material a base de isopor instalado como isolante térmico. “Ainda não há um laudo definitivo do corpo de bombeiros, mas acredita-se que o fogo se alastrou com maior rapidez por conta da quantidade de isopor utilizando para impedir o calor”, relatou o sindicalista.
CNTRV repudia atitude da Beira Rio
“A Beira é uma das maiores produtoras de calçados no Brasil e deve se comportar como tal diante de uma situação como esta”, afirma Cida Trajano, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Vestuário da CUT, CNTRV. A entidade repudia a atitude da empresa em não dialogar com o Sindicato sobre possíveis soluções para amenizar os impactos aos trabalhadores, como férias coletivas, por exemplo, o que daria tempo às negociações. “É lamentável que uma empresa como a Beira Rio aja com total irresponsabilidade social diante de um problema tão grave. No mínimo, deve rever sua postura diante da representação legítima da categoria, que é o Sindicato”, enfatizou Trajano