Quase 33 mil trabalhadores e trabalhadoras calçadistas perderam seus empregos entre os meses de março a maio desse ano, em todo o país. Os dados fazem parte de um levantamento feito pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, Abicalçados.
Mas, para o Sindicato dos Calçadistas de Jaú, o impacto pode ser ainda maior. “Existem muitos trabalhadores calçadistas que atuam na informalidade e estes são ainda mais afetados pela crise gerada pelo coronavírus, pois estão às margens dos direitos trabalhistas e proteções sociais”, destacou Miro Jacintho, presidente da entidade.
De acordo com a Abicalçados, o Estado de São Paulo foi o mais atingido pelo desemprego no setor, contabilizando mais de 10 mil demissões. “Em Jaú, cidade considera polo calçadista, estimamos que cerca de 30% da categoria perdeu o emprego e outra grande parte teve contratos suspensos ou jornada reduzida de acordo com o que está previsto na MP 936”, aponta Jacintho.
QUADRO NÃO JUSTIFICA RETIRADA DE DIREITOS
Se por um lado a crise dificulta as negociações salariais das categorias com data-base no primeiro semestre, como é o caso dos calçadistas de Jaú, por outro, não justifica a retirada de direitos históricos. “As convenções coletivas precisam continuar valendo durante a pandemia. Não podemos permitir que os patrões se aproveitem do momento para reduzir salários ou retirar benefícios como o vale-cesta, por exemplo. A atualização salarial continua sendo um direito dos trabalhadores e os sindicatos não devem abrir mão disso, sob pena de nunca mais conseguirem recuperar direitos perdidos”, alertou o sindicalista.
PROJEÇÕES
“Com a reabertura do comércio, a tendência é que aos poucos as fábricas comecem a reativar a produção. Datas comemorativas como o Dia dos Namorados e o Dia dos Pais devem fortalecer o consumo, mas a projeção da Abicalçados é de uma queda de 30% na produção do calçado brasileiro e isso certamente irá dificultar a retomada da empregabilidade de forma plena em 2020”, analisa Miro.
PANDEMIA PODE ESTAR LONGE DO FIM
No Brasil, a curva de contágio segue em alta e existe muita incerteza sobre o futuro. “Embora haja uma flexibilização e muitas cidades já estejam com o comércio 100% aberto, nada pode garantir que atitudes mais severas no futuro sejam tomadas, caso o número de contágio continue subindo. Por isso é importante que a população também faça sua parte: sair de casa somente se necessário, usar máscara e fica longe das pessoas”, alerta.