Atos em defesa da democracia e da legalidade organizados pela Frente Brasil Popular nesta sexta-feira (18) reuniram pelo menos 1,35 milhão de pessoas em 24 estados e no Distrito Federal, segundo o último levantamento da CUT. Só em São Paulo foram 500 mil pessoas, além de 200 mil em Recife, 100 mil em Salvador e 100 mil em Fortaleza.
Na capital do país, os manifestantes levaram para as ruas muitas bandeiras com os rostos de Luiz Inácio Lula da Silva do período das eleições do ex-presidente em 2006 e da reeleição da presidenta Dilma Rousseff, em 2014. Os manifestantes ficaram concentrados em vários grupos em frente ao Museu da República e em outros locais da Esplanada dos Ministérios.
Conforme prometeram, os participantes do ato realizaram um evento pacífico, acompanhados por vários grupos de música, convidados por movimentos sociais e entidades culturais do Distrito Federal. Dentre as principais palavras de ordem, foram gritadas as frases “Fora Cunha”, “Não vai ter golpe” e "Lula, guerreiro do povo brasileiro".
Uma faixa de mais de 15 metros aberta por jovens pediu por respeito aos direitos constitucionais, num dos momentos mais emocionantes da manifestação. Estudantes também empunharam cartazes com críticas ao juiz Sérgio Moro e frases de que “Justiça sem legalidade não é Justiça”.
Os manifestantes passaram mais de quatro horas concentrados em frente ao Museu da República, no início da Esplanada dos Ministérios. E mesmo com a chuva fina que caiu em Brasília por volta das 19h, muita gente ainda chegava ao local.
Em frente ao museu foi montado um palanque, onde discursaram vários sindicalistas, parlamentares e políticos. Entre eles, o ex-ministro da Secretaria Especial da Presidência Gilberto Carvalho. Em tom emocionado e após ter sido bastante aplaudido, ele convocou a militância para “barrar o impeachment e ajudar o governo a tocar seu trabalho e retornar a economia do país e a geração de emprego e renda”.
Participaram professores e alunos de diversas universidades e escolas, além de moradores de cidades-satélites. Neste momento está sendo realizada uma passeata pela Esplanada dos Ministérios e enquanto uma parte do grupo caminha até a frente do Congresso Nacional. Outro grupo se concentra no próprio gramado do Congresso, sem participar da passeata.
“Estou aqui pelo país, mais que tudo, por minha família e por mim. Pelos netos que sei que vou ter um dia. Não quero um país com direitos cerceados como tem sido visto nos últimos tempos”, destacou a professora Anelise Santana.
“Temos que evitar que a Constituição seja rasgada e ajudar a defender o Lula e a Dilma, porque não há nada que comprove qualquer culpa por parte deles. Abaixo o vazamento seletivo de informações e a investigação de um jeito para os políticos do PT e de outro jeito para os políticos da oposição”, disse a estudante de Biblioteconomia da Universidade de Brasília (UnB) Soraia Macedo.
Em Fortaleza, pelo menos 100 mil pessoas participaram da manifestação, que percorreu as ruas do centro da capital cearense até chegar à Praça do Ferreira. O ato reuniu representantes dos diversos grupos que fazem parte da frente, como sindicatos e entidades da sociedade civil, mas atraiu também profissionais de outros setores, como jornalistas e advogados e cidadãos sem vínculos com entidades.
Emocionado, o engenheiro Marcelo Campos, de 59 anos, que foi sozinho à manifestação, destacou o fato de ser brasileiro e ter esperança. Para Campos, as coisas vão mudar e não vai haver golpe. O engenheiro disse que a composição do Congresso Nacional eleito em 2014 foi um indício de que algo poderia acontecer em prejuízo do governo e que esse quadro só se reverterá se houver mobilização. "Quanto mais gente na rua, melhor."
"Enquanto há apoio ao impeachment de uma presidente baseado somente em indícios, advogados têm seu sigilo telefônico quebrado sob a justificativa de se fazer justiça. Não se faz justiça quebrando as regras do estado democrático de direito", afirmou o advogado Ícaro Gaspar, integrante do movimento.
Em Porto Alegre, pelo menos 30 mil pessoas se reuniram desde as 17h no Centro Histórico da cidade para participar na manifestação, segundo dados da CUT. Os manifestantes ocuparam várias quadras próximas ao cruzamento entre a Avenida Borges de Medeiros e a Rua dos Andradas, popularmente conhecida por Esquina Democrática.
Entre um e outro discurso de lideranças partidárias e de movimentos sociais, a multidão gritava “Não vai ter golpe, vai ter luta”. A maioria dos participantes vestia roupas vermelhas e muitos carregavam bandeiras do Brasil, de partidos políticos (PT e PCdoB) e de movimentos sociais, entre eles o MST e a CUT.
A empregada doméstica Lídia dos Santos disse temer que a instabilidade política do país permita que um governo de exceção seja instaurado, como em 1964. “Estou aqui porque quero lutar por um Brasil livre para meus filhos. Eu vivi durante a ditadura e reconheço o golpe quando vejo um em curso”, afirmou Lídia.
A caminhada pelas ruas do centro da capital gaúcha foi iniciada às 19h30 e encerrada pouco depois das 20h30