Após o fiasco do governo brasileiro frente às queimadas na Amazônia e denúncias envolvendo produtores brasileiros, diversas empresas estrangeiras que usam o couro brasileiro como matéria prima anunciaram boicote ao produto importado do Brasil. Em nota publicada no final de agosto, as marcas confirmaram a suspensão e alegaram que o boicote será aplicado até que "haja uma segurança em relação à origem dos produtos”.
“A VF Corporation e suas marcas decidiram não seguir abastecendo diretamente com couro e curtume do Brasil para nossos negócios internacionais até que haja a segurança que os materiais usados em nossos produtos não contribuam para o dano ambiental no país”, alegou a empresa, que atua como gestora da Kipling, Timberland, Vans e outras marcas que também suspenderam o uso do couro brasileiro.
Para o presidente da Federação Brasileira dos Trabalhadores na Indústria Coureira, Calçadista e Vestuarista do Brasil” (Fetracovest), José Carlos Guedes, a medida poderá afetar ainda mais o emprego no setor. “A indústria coureira do Brasil aposta alta na exportação. Qualquer problema interno que prejudique a imagem no setor de forma global, resultando em boicotes como este anunciado pela VP Coporation, traz um clima de instabilidade para os trabalhadores e trabalhadoras que já sofrem com a falta de vagas”, destacou o sindicalista.
Fiasco na ONU
Nesta terça-feira, 24, em um dos piores discursos já feitos em Assembleias Gerais da ONU, Bolsonaro acirrou o clima de insegurança com relação aos produtos brasileiros que envolvem meio ambiente e métodos sustentáveis de produção. “Atualmente 18 marcas mantém boicote sobre o couro brasileiro, mas Bolsonaro pavimentou o caminho para que mais empresas deixem de importar produtos que estão diretamente ligados à sustentabilidade e preservação do meio ambiente”, destacou Guedes.