Com 130 mil trabalhadores, a JBS-Friboi e demais empresas da Holding J&F Investimentos correm o risco de falir e levar milhares de empregos junto.
Afetada após as denúncias de Joesley Batista, um dos donos da companhia, que denunciou um esquema criminoso envolvendo o ilegítimo Michel Temer (PMDB), o grupo sofre represálias e enfrenta um crise de credibilidade e dificuldade de acesso a linhas de financiamento.
Para evitar esse cenário trágico para muitas famílias, a Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação (Contac) pressiona parlamentos estaduais e municipais para que promovam audiências públicas nas quais se discuta o futuro da JBS.
Após a primeira audiência que aconteceu no dia 18 de setembro, no Senado Federal, outros três encontros já estão confirmados: no dia 17, na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, no dia 24, em São Paulo, e no dia 30 de outubro, na Bahia.
Presidente da Contac, Siderlei Oliveira, diz que a ideia é incluir segmentos como o Ministério Público e até mesmo prefeitos e governadores locais nos encontros para discutir mecanismos que impeçam o fechamento das empresas sob o risco de sérios impactos para a economia.
“Há regiões em que a JBS representa empregos para a cidade inteira e não podemos esquecer que o maior acionista é o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), com dinheiro público investido, cerca de 25%. Além de outros 5% da Caixa Econômica. É muito provável que a companhia acabe em recuperação judicial. Somo favoráveis que os vigaristas sejam presos, mas que salvem os empregos”, defendeu.
Uma das soluções é a mesma adotada para salvar a Parmalat. Na ocasião, o juiz que nomeou um interventor aceitou uma cláusula de manutenção dos postos de trabalho.
“A JBS adotou uma política de comprar frigoríficos pequenos, ficar com a produção e fechá-los. Não queriam plantas, queriam matéria-prima e eliminar a concorrência, então, esses trabalhadores não tem nem para onde voltar, caso sejam demitidos. Por isso, queremos que se estabeleça uma cláusula, como no caso Parmalat, em que convencemos o juiz a impedir quem comprasse as fábricas de demitir durante um período”, falou.
Represália na planta
Em julho, durante encontro de sindicatos que representam trabalhadores da JBS promovido pela Contac, dirigentes relataram as dificuldades que as fábricas têm enfrentado.
O presidente do Sindicato da Alimentação em Criciúma e Região, onde há 4.500 trabalhadores ligados diretamente à Friboi, Célio Elias, apontou que em Forquilinha um modelo de fiscalização que não é empregado em outras plantas pode acabar com um turno inteiro de trabalho.
“Temos um frigorífico na cidade que abate 180 mil frangos por dia e no turno da madrugada, das 19h45 até 3h18, realizava o sistema de higienização, quando limpavam toda a planta. Isso sempre levou em torno de uma hora e vinte, mas com as novas ações e exigências do Ministério da Agricultura, passou para três horas. Se isso permanecer, vai inviabilizar um turno e 600 postos de trabalho serão fechados. Algo que vem ocorrendo também em outros frigoríficos do Brasil”, denuncia.
Na cidade de 27 mil habitantes, a planta da JBS corresponde a 39% das receitas do município. Também na região, em Morro Grande, uma planta que abate 55 mil frangos e conta com 750 trabalhadores, o comprometimento da empresa com questões tributárias ultrapassa 90%. Em Nova Veneza, a contribuição da empresa na questão dos impostos ultrapassa 60%.
“A preocupação é a questão do emprego, sim, diretos e indiretos, mas também com a sobrevivência da região”, falou Elias.