Desde que Bolsonaro prometeu criar o que chamou de “carteira de trabalho verde e amarela” ainda em campanha eleitoral, o movimento sindical vem chamando a atenção para os perigos da proposta, especialmente para os trabalhadores e trabalhadoras jovens. Recentemente o Ministro da Economia, Paulo Guedes, reforçou a proposta e afirmou que em breve ela chegará no Congresso.
Apoiado no discurso da criação de empregos para trabalhadores/as jovens, Guedes usou um tom ameaçador: “O jovem poderá escolher. Na porta da esquerda, há a CLT, Justiça do Trabalho, sindicatos, mas quase não tem emprego. É o sistema atual. Na porta da direita (da Carteira Verde e Amarela) não tem nada disso”, afirmou.
Para a secretaria de juventude da Federação Democrática dos Trabalhadores Calçadistas do Rio Grande do Sul, Jocelaine Marcelino, a carteira verde e amarela é inconstitucional por retirar os direitos contidos no artigo oitavo da constituição Brasileira. “A nova carteira seria regida pelo texto constitucional e dependeria dos acordos realizados entre patrões e empregados, conforme previsto na reforma trabalhista por Michael Temer (MDB) "o negociado sobre o legislado", atingindo em cheio os jovens que estão integrando no mercado de trabalho. Bolsonaro afirma que se trata de "menos direitos, mais empregos", mas na verdade é "menos direito, menos qualidade de vida e precarização do trabalho". Trocaremos nossos direitos por nada”? questiona a sindicalista.
Paula Proença, secretária geral da Federação dos Trabalhadores na Indústria Coureira, Calçadista e Vestuarista do Brasil, Fetracovest, analisa que, caso a proposta seja aprovada pelo Congresso, a juventude não terá escolha. “Engana-se quem pensa que o mercado de trabalho é democrático. Na vida real, a juventude não terá escolha. Ou aceita as condições oferecidas ou fica sem emprego”, denuncia.