Uma nova campanha tem movimentado as redes sociais nesta semana. A hashtag #MeuAmigoSecreto foi publicada em diversas contas do Twitter e do Facebook e ganhou repercussão em um movimento paralelo ao do Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, marcado em 25 de novembro, e também aos novos protestos contra o projeto de lei que dificulta o acesso à pílula do dia seguinte
De forma similar com a conhecida brincadeira de final de ano, quando uma pessoa descreve determinadas características de um amigo antes de revelar a identidade e entregar um presente, a campanha tem por finalidade expor atitudes, posturas e discursos machistas envolvendo homens que fazem parte dos ambientes sociais das internautas.
Muitas das postagens foram direcionadas à falsa esquerda e falsa militância, nas quais as pessoas pensam que o machismo e outras formas de discriminação e opressão estão superadas.
O assunto foi o mais comentado nos índices das redes sociais em nível mundial.Uma página no Facebook foi criada para reunir os posts sobre a campanha. Com quase 8,5 mil seguidores, a fanpage tem recebido a colaboração de mulheres de todo o país.
Números assustadores
Dados da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM – PR) demonstram a importância do movimento. Em 2014, foram registradas 52.957 denúncias de violência contra mulheres, enquanto, no ano anterior, foram feitas 50.320 ocorrências de estupro pelo Ministério da Saúde.
Entre 2009 e 2011, o Brasil registrou 16,9 mil feminicídios (mortes de mulheres por conflito de gênero). Esse número indica uma taxa de 5,8 casos para cada grupo de 100 mil mulheres.
Aproximadamente 40% de todos os homicídios de mulheres no mundo são cometidos por um parceiro íntimo. Com os homens, as estatísticas mostram outra realidade: o número cai para 6%. A proporção de mulheres assassinadas por parceiro é 6,6 vezes maior do que a de homens assassinados por parceira.
Em 2014, foram registrados 47 mil estupros. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública acredita que podem ter ocorrido entre 136 mil e 476 mil casos.
Mulheres políticas aderem à campanha
Personalidades e políticos do pais também integraram o movimento. A ex-presidenciável Luciana Genro (Psol), por exemplo, criticou quem acha que violência doméstica é um mero desentendimento entre marido e mulher: “O #meuamigosecreto acha que ‘em briga de marido e mulher não se mete a colher’!”.
A deputada Margarida Salomão (PT-MG), também se manifestou e suas “indiretas” estão associadas ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e ao deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ). “#meuamigosecreto é autor de um projeto que restringe o atendimento as mulheres vítimas de violência sexual e criminaliza os profissionais de saúde que oferecem ajuda e informações para elas, um retrocesso gigante na luta pelos direitos das mulheres”, publicou ela em sua página no Facebook.
Ela continuou: “?#meuamigosecreto afirmou, no Congresso Nacional, que se uma parlamentar não fosse feia ele até a ‘estupraria’. Apesar de ter sido obrigado a pagar indenização por danos morais pela agressão, ele continua disseminando o ódio em seus discursos e ainda é um dos deputados mais votados do país”.
Reforço do machismo
A campanha também dividiu opiniões nas redes. Alguns homens iniciaram uma investida contra a hastag e a #MinhaAmigaSecreta pode ser vista em alguns perfis com a intenção de reclamar ou mesmo ridicularizar o movimento feminista instaurado. No entanto, muitas das publicações serviram para reforçar o machismo apontado pelas mulheres.
Militância continuada
Há um mês, a hastag #primeiroassedio ganhou também tamanha repercussão. O caso ganhou as redes sociais após o episódio envolvendo a participante Valentina, de 12 anos, do programa MasterChef Junior, da Band, que foi alvo de comentários ofensivos.