Grande adesão à greve geral na Argentina nesta quinta (06) foi motivada pela luta contra medidas neoliberais do atual presidente Mauricio Macri. Com inicio a meia noite, trabalhadores e trabalhadoras estão paralisando o país por 24 horas e promete que seguirão mobilizados caso o governo não ouça as vozes da rua. As centrais prometem continuar na luta e apoiam a greve geral no Brasil que acontece no próximo dia 28.
O país amanheceu sem ônibus, com trafego de caminhões reduzido, voos nacional e internacional cancelados e com o povo na rua contra a política do atual governo que retira direitos dos trabalhadores.
A Argentina de Macri está com uma política de rebaixamento de salário, passa por piora da distribuição de renda e impede de fazer a negociação coletiva. No último ano, o desemprego aumentou, os trabalhadores perderam em média 15% do poder de compra do seu salário, acompanhado de um forte processo inflacionário, incrementado pelo aumento dos impostos e das taxas como eletricidade, telefone, transporte e a intensidade da crise no setor produtivo, que está se acelerando cada vez mais.
A unidade das centrais sindicais, CTA (Central dos Trabalhadores da Argentina), CGT (Confederação Geral do Trabalho), CTAA (Central de Trabalhadores da Argentina Autônoma) e setores do movimento sindical e populares reivindicam a reabertura da negociação coletiva nacional dos professores, a implementação de uma lei que impeça demissões massivas nos setores públicos e privados, o aumento imediato de rendimento de salário para os setores menos favorecidos como os aposentados e para os desempregados que ficam desprotegidos da obra social. Os trabalhadores e trabalhadoras também exigem políticas que apoiem pequenas e médias empresas para que elas possam continuar produzindo e que se estanque os processos de fechamento de empresas gerando desemprego e o aumento da recessão.
“Pedimos que mude o rumo econômico do governo de Macri e exigimos o fim dessa política, um plano de ajuda para os setores que estão passando fome, reativação das políticas públicas que foram cortadas e faremos uma consulta do povo para um plano de lutas racional e coerente que implique as pressões das lutas populares no dia e a dia”, explicou o Diretor de Relações Internacionais da CTA, Andrés Larisgoitia.
Para o secretário de Relações Internacionais da CUT, Antonio Lisboa, a gigantesca reação ao desgoverno Macri e sua política de arrocho, aumento de tarifas públicas e desemprego em massa, “demonstra a decisão do povo argentino de barrar o descaminho neoliberal”. Lisboa destaca que classe trabalhadora só tem uma saída que é ir pra rua fazer luta. “Os trabalhadores argentinos estão dando esse exemplo de luta na região”, complementou.
O secretário-adjunto de Relações Internacionais da CUT, Ariovaldo de Camargo disse que com essas medidas Macri só responde ao capital e a elite do país. “Em oposição à articulação do capital, que só favorece as empresas e a superexploração, os trabalhadores argentinos, aliados aos trabalhadores brasileiros, uruguaios, paraguaios e chilenos, apontam para a integração como caminho da verdadeira independência. A greve demonstra a disposição de luta do povo argentino para virar a página de atropelos aos direitos”.
Para o presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), João Antonio Felício é admirável a combatividade do povo argentino no enfrentamento das políticas de austeridade fiscal e arrocho salarial do governo Macri. “A classe trabalhadora argentina demonstrou mais uma vez que é só por meio da mobilização social e da greve que se impõem derrotas a governos entreguistas. A garra e a determinação dos companheiros servem de exemplo e estímulo a seguirmos em frente para derrotar o retrocesso neoliberal”.
Segundo Andrés, muita gente pergunta quais serão os próximos passos depois da greve. “Houve um acatamento em torno de 95% da greve hoje e se esse governo não compreender e não souber escutar a voz dos trabalhadores e trabalhadoras o povo argentino continuará ocupando as ruas, fazendo manifestações de forma pacifica e democrática. A intenção não é tirar nenhum governo , porque nós respeitamos o resultado nas urnas das eleições, mas não podemos aceitar um governo que faça essa política contra o trabalhador”.
Para Lisboa essa mobilização está sendo exemplar. “Com esta mobilização, combativa e unitária, a construção da nossa greve geral, do próximo dia 28 de abril, se vê agora ainda mais fortalecida para barrarmos as reformas da Previdência e Trabalhista e derrotar Temer e sua política”.
Segundo o diretor da CTA, a central se solidariza com o que o Brasil vive, porque além das medidas neoliberais, o governo Temer é ilegítimo. Ele também disse que participará da greve geral brasileira no dia 28. “Queremos construir em conjunto um plano de ação de resistência a essa política neoliberal que atinge nossa região”, complementa.