Os trabalhadores e trabalhadoras da unidade da Beiro Rio Calçados em unidade no Vale do Rio Pardo, RS, estão em luta contra o assédio moral e por garantias de direito. Durante mobilização organizada pelo Sindicato, a empresa convocou a polícia militar para repreender os trabalhadores e trabalhadoras.
O Sindicato publicou uma Nota de repúdio à empresa sobre a qual a CNTRV compactua integralmente. As práticas antissindicais são tão graves quanto as denúncias dos trabalhadores/as sobre as irregularidades cometidas pela Beira Rio.
Confira Nota na íntegra:
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário e Calçado do Vale do Rio Pardo REPUDIA a ação da empresa BEIRA RIO que no dia 16/12/2020 reprimiu com uso de violência* o protesto pacífico dos trabalhadores. A Brigada Militar foi chamada pela empresa, para dispersar o grupo de trabalhadores que realizava um protesto pacífico. Entre os manifestantes, uma mulher grávida, uma costureira de 52 anos que há décadas produz para o setor calçadista, e outros jovens trabalhadores. Às 14h da tarde, os manifestantes sentaram no chão e usaram cartazes para denunciar o que consideram uma série de irregularidades cometidas pela empresa como o fato de estarem sem reajuste salarial há 20 meses, em descumprimento as leis trabalhistas que determinam salário justo.
Além disso, os funcionários protestaram contra as condições adversas de trabalho, como as altas temperaturas dentro da fábrica que tornam o ambiente insuportável no verão, o fato de não poderem se ausentarem da atividade nem mesmo para ir ao banheiro quando sentem necessidade e que são obrigados a trabalharem em pé durante toda a jornada, o que também contraria a lei. Por fim, ainda tornaram públicas através dos cartazes a indignação com situações de humilhação e assédio moral (e até sexual) vividos por muitos dos colegas de trabalho, bem como a não observância do pagamento dos dias de trabalho em que os funcionários apresentam atestado em razão de questões de saúde, conforme prevê a lei.
A gesto de sentar-se no chão em silêncio foi para simbolizar o sentimento que dos empregados que não tem cadeiras disponíveis para descansar, sendo obrigados a se manter de pé por longas horas de trabalho. O chão também é o símbolo do lugar onde os trabalhadores são arremessados e pisados com xingamentos, ameaças e humilhações dos chefes e gerentes com ganância de produção e lucro para a empresa.
Como sempre tem agido de forma autoritária, desta vez não foi diferente, apenas usou o aparato do Estado, pois chamou a Brigada Militar e os Policiais circularam armados, acompanhados dos chefes e gerentes, para intimidar os trabalhadores que protestavam pacificamente, e coagir os demais para não aderir ao movimento. Houve o desvirtuamento da função da força armada estatal para defesa de interesses privados, bem como o constrangimento dos trabalhadores, em razão da presença da polícia, armada, como se fossem criminosos.
O SINTRAVESTUÁRIO repudia toda forma de opressão e exige que a empresa apresente publicamente retratação visando minimizar os graves prejuízos causados pelo abuso de poder e força, representado pelo ato de utilizar a Brigada Militar, força estatal pública, contra o protesto pacífico dos representantes da classe trabalhadora.
É hora da Beira Rio respeitar as trabalhadoras e os trabalhadores, pois a classe trabalhadora vai lutar através do sindicato e dos trabalhadores por salário e condições dignas de trabalho.
*A Violência policial, no caso, não foi física, mas psicológica.
As fotos abaixo são prova dos acontecimentos narrados nesta nota oficial.
PS: BASTOU ALGUNS TRABALHADORES PARAREM DE TRABALHAR POR SOMENTE ALGUNS MINUTOS QUE A EMPRESA JÁ AGIU COM VIOLÊNCIA SIMBÓLICA PARA "DAR O EXEMPLO" AOS DEMAIS TRABALHADORES. NÃO CONSEGUIRAM NOS INTIMIDAR NEM VÃO CONSEGUIR FAZER COM QUE PAREMOS DE LUTAR!