A gente não quer saída para qualquer parte
A gente não quer saída para qualquer parte
Escrito por: Cida Trajano Presidenta CNTV/CUT Publicado em: 21/03/2016 Publicado em: 21/03/2016
“No mundo existem mais de 1,8 bilhão de jovens, dos quais 160 milhões se encontram na América Latina e Caribe. No Brasil, esse número ultrapassa 51 milhões. A forma como as e os jovens formulam seus planos de vida não só determinará seu próprio futuro, como o de suas famílias, suas comunidades e países”.
A afirmação acima é da ONU (Organização das Nações Unidas) e remete à toda a sociedade a responsabilidade de garantir uma vida melhor para a juventude. No Brasil, já houve um tempo em que a maioria dos(as) jovens eram privados(as) de direitos básicos como ter uma alimentação decente e acesso à educação. Agora, após 12 anos de avanços, parte da juventude trabalhadora se deixa influenciar contra suas próprias conquistas. Neste sentido, cabe uma avaliação dos avanços conquistados pelo Brasil em prol de sua juventude em pouco mais de uma década. Essas conquistas foram viabilizadas por um governo pautado na democracia e nas reivindicações populares.
A valorização do salário mínimo representa um dos principais benefícios à juventude, especialmente à mais pobre. Além de inflar os salários em setores com forte incidência de primeiro emprego, como é o caso do ramo vestuário, houve um aumento muito significativo na renda familiar, resultando no crescimento do número de jovens que abriram mão do mercado de trabalho para se dedicar aos estudos. Na prática, a juventude ganhou a oportunidade de sonhar e realizar mais.
A Central Única dos Trabalhadores e suas entidades filiadas tiveram papel essencial no aumento da renda da juventude trabalhadora. As negociações salariais com aumento real, ampliação e conquista de benefícios, transformaram a realidade de milhões de jovens cujas rendas ganharam margem para ir além da “ajuda em casa”. Esta questão, aliada a política do governo federal para a educação, fez com que o Brasil triplicasse a quantidade de jovens entre 18 e 24 anos nas universidades. Na mesma faixa etária, segundo o IBGE, o número de jovens com pelo menos 11 anos de estudo aumentou em 200%. Medicina, engenharia e tantas outras profissões deixaram de ser exclusivas de famílias ricas. Na prática, a juventude ganhou a possibilidade de ser o que deseja ser.
Dentro da última década, os índices de desemprego entre jovens brasileiros sofreram quedas muito importantes, chegando a superar países europeus em plena crise financeira global. Vale lembrar que, enquanto na Espanha, o desemprego atingia espantosos 50% da população jovem economicamente ativa, no Brasil, não passava de 9%. Este fato, aliado ao aumento da massa salarial, contribuiu diretamente para que pessoas jovens pudessem consumir bens duráveis, como equipamentos eletrônicos e automotivos, sem que sejam presentes de “papai” ou de “mamãe”. O consumo de serviços nas áreas de cultura, lazer e esporte é evidente. Vários setores econômicos foram beneficiados com a inserção desses jovens no mercado consumidor. Um deles foi o ramo vestuário. Na prática, a juventude ganhou qualidade de vida e autonomia financeira.
Por falar em qualidade de vida, o programa Minha Casa, Minha Vida, fez com que milhares de famílias saíssem do aluguel ou de moradias precárias. Elas trouxeram consigo seus membros jovens e muitos destes tiveram, pela primeira vez na vida, a oportunidade de morar num ambiente decente, sem ter que abandonar suas famílias e partir mundo afora em busca de oportunidades jamais encontradas tão próximas. Na prática, estes jovens conquistaram um lar.
O programa Bolsa Família incide diretamente nas futuras gerações de jovens e representa a certeza de que o Brasil não permitirá que a fome volte a doer nos estômagos da nossa juventude.
Contudo, os setores mais conservadores da política brasileira tentam, por todas as vias legais e ilegais, amputar da juventude brasileira esses direitos conquistados. Neste sentido, a terceirização (cujas consequências são devastadoras, especialmente para a juventude), a redução da maioridade penal, a homofobia institucionalizada, o golpe à democracia, o uso político das investigações de corrupção com objetivo de desmoralizar lideranças e movimentos da classe trabalhadora, são algumas das pautas que compõem a agenda conservadora implementada pelas bancadas que representam os interesses de uma minoria rica. Estas pautas afetam negativamente os planos de vida da juventude brasileira e, de acordo com a ONU, “isso determinará seu próprio futuro, de suas famílias, de suas comunidades e de seu país”. Não há como essa agenda ser benéfica para a juventude e as gerações futuras.